O Mundos dos Reptilianos
A nave espacial Aurora flutuava silenciosamente no
vazio do espaço, aproximando-se lentamente de um planeta desconhecido. No seu
interior, a tripulação de cinco astronautas observava as leituras nos monitores
com uma mistura de curiosidade e apreensão. Este era o momento pelo qual haviam
treinado durante anos; a descoberta de um mundo nunca antes explorado pela
humanidade.
"Capitão, estamos prestes a entrar na órbita do
planeta," disse a Tenente Ramirez, os olhos fixos na tela à sua frente.
"Parece que a atmosfera é respirável, mas os níveis de radiação estão
ligeiramente acima do normal."
O Capitão James Walker, um veterano de inúmeras missões
espaciais, inclinou-se sobre o ombro de Ramirez para dar uma olhada nos dados.
Ele era um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos e uma expressão sempre
séria. "Nada que nossos trajes não possam lidar. Preparem-se para a
descida. Vamos descobrir o que este planeta tem a nos oferecer."
Enquanto a nave iniciava sua manobra de entrada na
atmosfera, os outros membros da tripulação estavam ocupados em suas próprias
tarefas. A Dra. Emily Carter, a cientista-chefe, ajustava os sensores que iriam
analisar o solo e a atmosfera do planeta. Ao lado dela, o engenheiro Rob
Simmons checava os sistemas da nave, garantindo que tudo estivesse em perfeito
estado para um pouso seguro. E, no fundo da cabine, o especialista em
comunicações, Marcus Lee, monitorava a transmissão de dados para a Terra.
"É agora ou nunca," disse Walker, endireitando-se.
"Lembrem-se, estamos fazendo história. Vamos manter a calma e seguir o
protocolo."
A Aurora atravessou a atmosfera do planeta, sacudindo
levemente enquanto o escudo térmico resistia ao calor da entrada. Logo, o céu
vermelho alaranjado deu lugar a uma vasta paisagem abaixo deles: montanhas
cobertas de vegetação densa, rios que serpenteavam entre as colinas e, ao
longe, uma vasta planície que parecia ideal para o pouso.
"Ali, na planície," indicou Walker. "Vamos
descer lá."
Com precisão cirúrgica, a nave pousou suavemente no solo,
levantando uma nuvem de poeira e fragmentos de vegetação. Quando os motores
finalmente silenciaram, houve um momento de silêncio na cabine, quebrado apenas
pela respiração pesada da tripulação.
"Estamos aqui," disse Walker, com um tom de
triunfo na voz. "Preparar para a exploração."
Os cinco astronautas se equiparam com trajes espaciais,
embora a atmosfera fosse respirável. Ainda não estavam prontos para correr
riscos desnecessários. As portas da Aurora se abriram com um chiado,
revelando o mundo alienígena diante deles.
O primeiro a sair foi Walker, seguido pelos outros. A
superfície sob seus pés era firme, coberta por uma vegetação rasteira que
emitia um brilho esverdeado. O ar tinha um cheiro peculiar, algo entre metal e
terra molhada.
"Está vendo aquilo?" perguntou Ramirez, apontando
para uma formação rochosa à distância. "Parece... artificial."
Walker estreitou os olhos, focando na direção indicada.
"Sim. Talvez seja um bom lugar para começarmos. Vamos."
Enquanto caminhavam, a Dra. Carter coletava amostras do solo
e da vegetação, fazendo anotações em seu tablet. "Este planeta tem um
ecossistema complexo. A diversidade biológica é impressionante. Precisamos ter
cuidado, pode haver formas de vida perigosas."
"Espero que não sejam tão perigosas quanto
parece," disse Simmons, sempre desconfiado. "O solo está estranho.
Parece que há algum tipo de vibração constante, como se algo estivesse se
movendo debaixo da terra."
"Pode ser uma característica geológica," sugeriu
Carter. "Vamos monitorar."
Quando se aproximaram da formação rochosa, ficou claro que
não era natural. As pedras tinham formas geométricas e estavam dispostas de
maneira a sugerir uma construção. No centro, havia uma abertura, uma espécie de
portal, com inscrições estranhas gravadas ao redor.
"Isso definitivamente não é obra da natureza,"
disse Walker, maravilhado. "Vamos explorar lá dentro."
A entrada levava a um túnel que descia suavemente para as
profundezas do planeta. As paredes eram lisas, como se tivessem sido esculpidas
com ferramentas avançadas. O silêncio era absoluto, exceto pelo som dos passos
e das respirações amplificadas dentro dos capacetes.
"Vocês estão vendo isso?" perguntou Lee, parando
de repente. No visor de seu capacete, pequenos pontos de luz começaram a
piscar, e ele virou-se lentamente para observar as paredes ao seu redor.
As luzes aumentaram, revelando formas que se moviam no
escuro. Eram seres altos e esguios, suas escamas refletindo a luz de suas
lanternas. Eles pareciam reptilianos, mas havia algo mais, algo inquietante em
suas presenças.
Os seres começaram a mudar, seus corpos se distorcendo e
remodelando diante dos olhos da tripulação. Em segundos, eles assumiram a
aparência dos próprios astronautas, cada um replicando uma versão exata de um
dos membros da tripulação.
"C-como isso é possível?" balbuciou Simmons,
apontando sua arma para a criatura que agora parecia ser seu reflexo.
"Ninguém atire!" ordenou Walker, tentando manter a
calma. "Eles estão nos observando... nos estudando. Talvez não sejam
hostis."
As cópias dos astronautas se moveram em perfeita sincronia
com seus originais, como se fossem espelhos vivos. A tensão no ar era palpável.
"O que eles querem?" perguntou Carter, tentando
decifrar as intenções dos seres.
"Não sei," respondeu Walker, "mas precisamos
manter a calma. Vamos tentar uma comunicação."
Ele deu um passo à frente, levantando a mão em um gesto de
paz. "Somos exploradores, não estamos aqui para causar mal. Podemos nos
comunicar?"
As criaturas reptilianas pararam por um momento, seus olhos
brilhantes fixos nos humanos. De repente, um deles falou, a voz uma imitação
perfeita da de Walker.
"Exploradores... Não-causar-mal..." a criatura
disse, suas palavras ecoando nas paredes do túnel.
Os astronautas trocaram olhares nervosos. Estava claro que
esses seres tinham a habilidade de replicar mais do que apenas a aparência.
"Eles estão nos imitando," disse Lee, num
sussurro. "Mas por quê?"
Antes que alguém pudesse responder, as criaturas começaram a
recuar lentamente, desaparecendo nas sombras do túnel. A tripulação ficou em
silêncio, sem saber se deviam seguir ou voltar à nave.
"Capitão, o que fazemos agora?" perguntou Ramirez,
a voz cheia de incerteza.
Walker hesitou, ponderando as opções. "Eles podem estar
nos levando para algum lugar. Talvez devêssemos seguir."
Mas no fundo, ele sabia que estavam entrando em território
perigoso. Aqueles seres não eram apenas imitadores; havia algo mais profundo em
jogo, algo que ameaçava mudar tudo o que eles sabiam sobre exploração espacial.
Enquanto a tripulação avançava mais fundo pelo túnel, o ar
ao redor deles parecia ficar mais denso, carregado com uma energia que fazia os
pelos de seus braços se arrepiarem, mesmo através das camadas de seus trajes
espaciais. As criaturas reptilianas que haviam desaparecido na escuridão agora
pareciam estar observando cada movimento dos astronautas, mesmo que seus corpos
não fossem mais visíveis.
"Isso não está certo," murmurou Simmons, a mão
segurando firme a arma de plasma. "Estamos sendo conduzidos para algum
lugar, e não tenho certeza se é para o nosso bem."
O túnel se abriu em uma câmara vasta, cujas paredes pulsavam
com uma luz suave e esverdeada, quase orgânica. No centro da câmara, havia um
objeto brilhante, flutuando a alguns metros do chão. Parecia uma esfera
líquida, girando lentamente em todas as direções, refletindo o ambiente ao seu
redor.
"Capitão, o que é aquilo?" perguntou Carter, os
olhos fixos no objeto misterioso.
"Não sei, mas parece ser o coração deste lugar,"
respondeu Walker, aproximando-se cautelosamente da esfera. "Pode ser algum
tipo de tecnologia avançada ou... algo mais."
Enquanto se aproximava, Walker notou que a superfície da
esfera começava a se alterar, imagens aparecendo como se fossem memórias
gravadas. Primeiramente, viu cenas de paisagens alienígenas, vastas florestas,
montanhas imponentes, e criaturas que se moviam pela terra em grandes bandos.
Mas, à medida que as imagens mudavam, algo ainda mais alarmante começou a
surgir.
Cidades humanas. Pessoas caminhando pelas ruas. Prédios
icônicos de Nova York, Paris, Tóquio. Era a Terra, vista através dos olhos dos
reptilianos.
"Meu Deus," sussurrou Walker, o coração
acelerando. "Eles conhecem a Terra."
As imagens se tornaram cada vez mais detalhadas, mostrando
figuras reptilianas disfarçadas entre os humanos, vivendo em meio à sociedade.
Eles andavam pelas ruas, interagiam com pessoas, e ninguém parecia perceber que
eram diferentes.
"Isso não pode ser real," disse Ramirez, dando um
passo para trás. "Eles estão na Terra, entre nós?"
"Isso explicaria muito," murmurou Lee.
"Conspirações, avistamentos... Mas é pior do que qualquer teoria. Eles
estão vivendo entre nós, e ninguém sabe."
"Temos que sair daqui e avisar o comando," disse
Simmons, já se virando para a saída. "Se isso for verdade, a Terra está em
perigo."
Antes que pudessem se mover, a esfera pulsou com uma luz
intensa, projetando uma última imagem que fez todos congelarem no lugar: um
grupo de reptilianos, reunidos em uma sala que parecia ser de uma grande
corporação terrestre. No centro do grupo, um rosto familiar surgiu, um líder
mundial cujas decisões moldavam o destino de nações inteiras.
"Eles já controlam posições de poder," disse
Carter, a voz falhando. "Eles estão infiltrados nos governos."
"Isso muda tudo," disse Walker, sentindo o peso da
revelação. "Não podemos simplesmente voltar e relatar isso. Se há
reptilianos na Terra, como podemos saber em quem confiar?"
De repente, a câmara ao redor deles começou a tremer, como
se o planeta inteiro estivesse reagindo à sua presença. As paredes pulsaram com
uma intensidade crescente, e o chão sob seus pés começou a rachar.
"Estamos saindo daqui, agora!" gritou Walker,
levando a tripulação de volta pelo túnel de onde vieram.
A tripulação correu pelo túnel, o som de pedras caindo e o
eco dos tremores os acompanhando. Cada passo parecia mais difícil que o
anterior, como se o próprio planeta estivesse tentando impedi-los de escapar.
"Rápido, não podemos perder tempo!" gritou
Simmons, ajudando Carter a atravessar uma grande rachadura que se abriu no
chão.
"Eu sabia que isso era uma má ideia," murmurou
Ramirez, ofegante, enquanto mantinha os olhos atentos ao caminho à frente.
Finalmente, eles chegaram à entrada do túnel e, sem hesitar,
correram para fora, sentindo o ar quente do planeta novamente. Mas algo havia
mudado. O ambiente, antes quieto e sombrio, agora estava vibrante, cheio de
vida e movimento. Criaturas reptilianas, antes escondidas, estavam agora à
vista, observando a tripulação com olhos frios e calculistas.
"Para a nave, agora!" ordenou Walker, vendo que
não tinham outra escolha.
Os cinco astronautas correram em direção à Aurora,
mas, quando estavam a poucos metros da nave, uma figura alta e imponente
bloqueou seu caminho. Era um reptiliano, mas diferente dos outros que haviam
encontrado. Este usava uma espécie de armadura reluzente, e seus olhos
brilhavam com uma inteligência ameaçadora.
"Vocês descobriram mais do que deveriam," disse a
criatura, sua voz reverberando com uma calma assustadora. "Agora, não
podem ser permitidos a deixar este planeta."
"Estamos prontos para lutar," disse Simmons,
levantando sua arma. "Não vamos deixar vocês tomarem a Terra."
"Tomar a Terra?" a criatura riu, um som que fez o
sangue de todos gelar. "Nós já estamos lá. E vocês são insignificantes
diante do que está por vir."
Antes que pudessem reagir, a criatura levantou uma mão, e
uma força invisível derrubou todos ao chão. Walker lutou para se levantar, mas
parecia que uma gravidade extra estava sendo aplicada sobre ele,
imobilizando-o.
"Nós somos os Guardiões," disse a criatura,
aproximando-se de Walker. "E sua tentativa de fuga é fútil. A Terra já
está sob nosso controle, e você nunca sairá daqui para contar a história."
Walker olhou para a criatura, o medo lutando contra a
determinação em seus olhos. "Você pode nos prender, mas outros virão. A
verdade sempre encontra um caminho."
A criatura inclinou a cabeça, como se ponderasse sobre a
declaração de Walker, mas então seu olhar se endureceu novamente. "A
verdade? A verdade é moldável, Capitão. E nós somos os escultores."
De repente, a pressão sobre os astronautas aliviou, e a
criatura deu um passo para trás. "Corra, se puder. Mas saiba que este
planeta é apenas o começo."
Sem esperar um segundo convite, Walker e os outros se
levantaram e correram para a Aurora. Assim que a última porta se fechou
atrás deles, Simmons correu para os controles, ativando os motores.
"Vamos sair daqui!" gritou Walker. "De
qualquer jeito!"
A nave tremeu ao se elevar do solo, mas logo se estabilizou,
subindo rapidamente em direção à órbita. No interior, a tripulação tentava
processar tudo o que haviam descoberto, o peso da responsabilidade esmagando
cada um deles.
"Precisamos transmitir isso para a Terra," disse
Lee, ajustando os sistemas de comunicação. "Antes que seja tarde
demais."
Mas, antes que pudesse completar a transmissão, um alerta
soou pela cabine. Um grupo de naves reptilianas havia emergido da superfície do
planeta e estava em perseguição.
"Não temos tempo para uma batalha," disse Walker,
os olhos fixos nos monitores. "Precisamos saltar para o hiperespaço,
agora!"
Simmons começou a preparar o salto, mas sabia que seria
arriscado. "As coordenadas não estão fixas ainda, Capitão. Podemos acabar
em qualquer lugar."
"Qualquer lugar é melhor do que aqui," disse
Walker, com determinação.
Com um puxão na alavanca, a Aurora saltou para o
hiperespaço, deixando para trás o planeta misterioso e suas ameaças
reptilianas. Mas, no coração de cada um dos astronautas, havia uma sensação
sombria de que o pior ainda estava por vir.
Porque agora, eles sabiam a verdade. E a verdade, como o
reptiliano dissera, era moldável. Mas quem a moldava, e com que propósito,
ainda era um mistério que poderia mudar o destino da humanidade.
E enquanto a nave desaparecia no vórtice do hiperespaço, a
última transmissão interceptada dos reptilianos ecoava pelos canais de
comunicação:
"Nenhum lugar é seguro."
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