Superman e a Verdade do Iraque (fanfic)
O sol nascia sobre Metrópolis, seus raios dourados
refletindo nas janelas dos arranha-céus e despertando a cidade para mais um dia
de agitação e energia. Clark Kent, como sempre, estava entre as primeiras
pessoas a chegar ao Planeta Diário. Seu uniforme azul e vermelho estava
cuidadosamente escondido sob o traje de repórter, enquanto ele se acomodava em
sua mesa, pronto para encarar as tarefas do dia. Lois Lane passava ao seu lado,
jogando uma edição recém-impressa sobre sua mesa.
— Você viu isso, Clark? — perguntou ela, com a voz carregada
de preocupação.
Clark pegou o jornal e leu a manchete: “Iraque Possui
Armas de Destruição em Massa, Diz Governo dos EUA”. Seu estômago deu um nó.
Ele havia ouvido rumores sobre essa situação, mas vê-la estampada na primeira
página do Planeta Diário tornou tudo mais real. E perigoso.
Ele sabia o que isso significava. A história estava se
desenrolando rápido demais, e os ecos de uma possível guerra estavam se
tornando cada vez mais altos. Clark sentiu uma inquietação crescente. Ele
precisava investigar. Mesmo que fosse uma tarefa difícil como Clark Kent, ele
sabia que como Superman poderia ir aonde ninguém mais poderia.
— Lois, vou checar algumas fontes sobre isso — disse ele,
levantando-se rapidamente.
Lois levantou uma sobrancelha, mas antes que pudesse
responder, Clark já havia desaparecido pelo corredor. Ele correu para uma área
mais isolada do prédio e, em segundos, o repórter tímido havia se transformado
no Homem de Aço. Voando alto sobre Metrópolis, ele sabia que tinha pouco tempo
antes que as forças armadas dos Estados Unidos começassem a agir com base nas
informações que tinham.
Ao se aproximar do Oriente Médio, a vasta extensão do
deserto e das cidades do Iraque surgiu sob ele. A gravidade da situação pesava
em seus ombros. Superman pousou em uma área remota, longe de qualquer presença
militar, e começou a investigar.
Ele varreu o terreno com sua visão de raio-X, analisando
cada instalação militar e científica que encontrava. O que ele viu, ou melhor,
o que não viu, começou a solidificar a dúvida em sua mente. Não havia indícios
de armas nucleares, biológicas ou químicas. Nada que justificasse uma invasão
ou uma guerra.
Superman passou dias investigando, infiltrando-se nas mais
diversas instalações, sempre tomando cuidado para não ser detectado. Ele usou
todos os seus poderes, de sua audição super sensível até sua velocidade
sobre-humana, mas em nenhum lugar encontrou as temidas armas de destruição em
massa. Em vez disso, encontrou um país em desespero, com um povo que vivia com
medo de um futuro incerto.
Naquela noite, enquanto descansava brevemente nos arredores
de Bagdá, ele refletiu sobre o que descobrira. Sabia que precisava retornar aos
Estados Unidos e confrontar as autoridades, mas também sabia que a verdade que
carregava consigo poderia não ser suficiente para impedir o que parecia ser uma
guerra iminente.
De volta a Metrópolis, Clark Kent fez uma visita ao
Pentágono. Usando seu status como repórter renomado, conseguiu marcar uma
entrevista com um alto oficial. Ele sabia que sua identidade de Clark Kent não
seria capaz de mudar os rumos dos acontecimentos, mas talvez, como Superman,
ele pudesse.
Na reunião, o general à sua frente manteve uma postura
rígida, os olhos frios e impenetráveis.
— General, eu preciso ser honesto com você — começou Clark,
sua voz calma, mas firme. — Estive no Iraque. Não encontrei nenhuma evidência
das armas que alegam estar lá. Essa guerra não é justificável.
O general permaneceu em silêncio por um momento, antes de
soltar um suspiro pesado.
— Kent, as decisões que tomamos não são baseadas em
suposições. Temos nossos próprios meios de confirmar nossas suspeitas.
— Mas e se esses meios estiverem errados? — Clark
pressionou. — E se, ao invés de proteger o mundo, estivermos iniciando um
conflito baseado em uma mentira?
O general levantou-se lentamente, caminhando até a janela.
— Você é um bom homem, Kent. Mas há coisas que estão além da
compreensão de alguém como você. As decisões são feitas com base em informações
que você nunca verá.
Clark percebeu que o diálogo não levaria a lugar algum. Ele
agradeceu ao general e saiu, sentindo o peso do que viria a seguir. Se o
governo estava decidido a seguir em frente com a guerra, ele sabia que teria
que intervir de outra forma.
Superman começou a agir com mais intensidade. Usando sua
velocidade, ele interceptou transmissões, interrompeu suprimentos de armas e
desativou bases americanas montadas ao redor do Iraque. Cada ação sua era
cuidadosamente executada para não causar baixas humanas, mas suas intervenções
estavam se tornando cada vez mais visíveis.
A mídia começou a especular sobre a interferência do
Superman na guerra. Enquanto alguns o viam como um traidor, outros o
consideravam um herói que estava tentando evitar uma catástrofe. Lois Lane, que
estava acompanhando de perto os eventos, sentia um misto de orgulho e medo pelo
homem que amava.
Entretanto, a situação escalava. O governo dos Estados
Unidos não podia ignorar a presença do Superman por mais tempo. Ele estava se
tornando um problema, um obstáculo no caminho de seus planos. E para um império
tão poderoso, obstáculos eram algo a ser removido.
Uma noite, enquanto Superman descansava em um planalto
distante, ele ouviu um zumbido familiar, um som que ele conhecia bem demais.
Olhando para cima, viu o céu se encher com caças militares, seus motores
rugindo enquanto se aproximavam dele.
Superman sabia que aquele era o momento decisivo. Ele podia
optar por fugir, evitar o confronto, mas isso significaria abandonar aqueles
que ele havia prometido proteger. Por outro lado, confrontar as forças
americanas significava se voltar contra seu próprio país, um dilema que ele
nunca imaginou enfrentar.
O primeiro míssil foi disparado, cortando o ar na direção
dele. Em um movimento rápido, Superman se lançou para o lado, desviando com
facilidade, mas a mensagem estava clara. Eles não iriam recuar, não importava o
preço.
Os mísseis continuaram a ser disparados, e Superman
respondeu com uma mistura de defesa e desvio, sempre evitando causar qualquer
dano aos pilotos. Mas ele sabia que isso não poderia continuar indefinidamente.
Ele precisava encontrar uma forma de acabar com aquilo sem transformar o céu em
um campo de batalha.
Superman tomou uma decisão rápida. Ele voou em direção ao
líder do esquadrão, emparelhando com o caça. Usando sua visão de calor,
desativou os sistemas de armas e comunicação da aeronave, forçando o piloto a
recuar. Ele repetiu a tática com os outros, um a um, até que os caças fossem
obrigados a retornar à base.
Mas o alívio foi breve. No chão, os tanques e tropas
americanas começaram a avançar em direção às cidades iraquianas. A invasão
havia começado.
Superman sabia que sua batalha estava apenas começando, mas
ele também sabia que, de alguma forma, ele tinha que encontrar uma solução para
impedir que essa guerra se tornasse uma catástrofe global. A cada movimento que
fazia, a linha entre herói e inimigo se tornava mais tênue, e ele sentia o peso
do mundo se acumulando em seus ombros como nunca antes.
Superman pairava sobre o campo de batalha, sua mente um
turbilhão de pensamentos. As tropas americanas se moviam como uma onda
inexorável, tanques avançando, soldados em formação, todos prontos para seguir
as ordens sem questionar. Ele sabia que cada um daqueles homens e mulheres
acreditava estar lutando pelo bem maior, pela segurança de sua nação, mas a
verdade era mais sombria, escondida atrás de uma cortina de mentiras.
Ele tinha que agir, mas como poderia ele, um único homem,
parar uma guerra inteira? E pior, como poderia ele fazer isso sem se tornar um
inimigo aos olhos do mundo? Essas questões martelavam em sua mente enquanto ele
descia em direção à cidade mais próxima, onde os primeiros disparos já
começavam a ecoar pelas ruas estreitas.
Bagdá, uma cidade antiga, cheia de história e cultura, agora
tremia sob o peso da invasão. As explosões iluminavam a noite, e o som de
helicópteros de ataque rugia pelos céus. Superman pousou em uma praça central,
onde civis estavam se refugiando em pânico, buscando qualquer abrigo que
pudessem encontrar.
As crianças choravam, mães e pais desesperados tentavam
protegê-las com seus próprios corpos. Superman sentiu seu coração apertar ao
ver a destruição ao seu redor, mas não podia se permitir fraquejar. Ele se
aproximou de um grupo de soldados americanos que entrava na praça, suas armas
apontadas para civis aterrorizados.
— Parem! — sua voz ecoou com uma autoridade incontestável.
Os soldados hesitaram, olhando para a figura imponente do
Homem de Aço. Eles sabiam quem ele era, mas a confusão estava clara em seus
rostos. Não tinham sido treinados para enfrentar alguém como ele. Um deles, um
jovem com o rosto marcado pela incerteza, deu um passo à frente.
— Superman, temos ordens… — começou ele, mas sua voz
vacilou.
— Essas ordens estão erradas — respondeu Superman,
aproximando-se lentamente. — Não há armas de destruição em massa aqui. Essas
pessoas não são seus inimigos.
O soldado olhou ao redor, vendo as crianças que se agarravam
às pernas de suas mães, os idosos que mal conseguiam se mover. Algo na voz de
Superman, em sua presença, fez com que ele baixasse a arma. Outros soldados
começaram a fazer o mesmo, mas antes que qualquer decisão final pudesse ser
tomada, uma explosão ensurdecedora sacudiu a praça.
Um dos tanques americanos disparou, o projétil atingindo um
prédio próximo e lançando destroços por toda parte. Superman se moveu
rapidamente, usando seu corpo para proteger os civis das pedras e metal que
voavam por todos os lados. Quando a poeira assentou, ele olhou para o tanque,
seus olhos brilhando com uma determinação fria.
Ele não podia mais hesitar. Voando na direção do tanque, ele
agarrou o canhão com uma mão, dobrando-o com facilidade, inutilizando a arma.
Os soldados dentro do tanque ficaram paralisados de medo, sem saber o que
fazer. Superman não queria machucar ninguém, mas estava claro que precisava
enviar uma mensagem mais forte.
— Deixem essa cidade. Agora! — ordenou ele, sua voz
reverberando com uma força que fez os próprios tanques tremerem.
Hesitantes, os soldados começaram a recuar, percebendo que
continuar a luta contra Superman seria inútil. Eles se afastaram da praça,
deixando para trás o caos que haviam começado. Mas Superman sabia que essa era
apenas a primeira vitória em uma longa série de batalhas que ele teria que
travar.
Ele ajudou a reunir os civis e organizá-los em um local mais
seguro. No entanto, enquanto fazia isso, ouviu um som distante, um zumbido
baixo que rapidamente se tornou um rugido. Ele olhou para o céu e viu algo que
o fez gelar: um bombardeiro B-2, voando em direção à cidade. Um único ataque
daquele avião poderia devastar Bagdá.
Superman voou em direção ao bombardeiro, seu corpo rasgando
o ar em alta velocidade. Ele sabia que tinha apenas segundos antes que as
bombas fossem lançadas. Quando alcançou a aeronave, ele usou toda sua força
para desviar o avião de sua rota. O piloto, pego de surpresa, lutou para manter
o controle, mas não conseguiu evitar que o bombardeiro perdesse altitude.
Com um esforço supremo, Superman conseguiu direcionar o
bombardeiro para fora da cidade, guiando-o até uma área desértica onde poderia
pousar sem causar vítimas. Ele sabia que o impacto ainda seria violento, mas
era o único jeito de salvar a cidade.
O bombardeiro colidiu com o chão em uma nuvem de areia e
fogo. Superman rapidamente abriu a fuselagem e retirou os pilotos, ambos
atordoados, mas vivos. Ele os colocou no chão com cuidado, ciente de que eles
eram apenas homens cumprindo ordens, tão vítimas quanto qualquer um.
Enquanto ele se erguia, sentiu uma presença familiar.
Olhando ao redor, viu uma figura se aproximando, sua capa vermelha esvoaçando
ao vento. Era a Mulher-Maravilha, Diana, com uma expressão grave.
— Clark — disse ela, sua voz carregada de preocupação. — O
que você está fazendo?
— O que é certo — respondeu ele, sua voz firme, mas com uma
ponta de exaustão. — Isso não é uma guerra justa, Diana. É uma mentira.
Diana olhou para o bombardeiro destruído e para os pilotos
que Superman havia salvo. Ela sabia que ele estava agindo com o coração, mas as
implicações de suas ações eram enormes.
— Eu entendo seu ponto de vista, Clark, mas você está
enfrentando todo um país. Isso pode não acabar bem para ninguém.
Superman sabia que Diana estava certa, mas não podia ignorar
o que havia visto. Ele olhou para ela, os olhos carregados de uma determinação
que ela conhecia bem.
— Se eu não fizer nada, milhares de inocentes vão morrer por
uma mentira. Não posso permitir isso.
Diana suspirou, mas antes que pudesse responder, o
comunicador em seu ouvido chiou, transmitindo uma mensagem de urgência.
— Diana, temos problemas. Grandes. O governo declarou o
Superman um inimigo do estado — disse a voz de Batman.
Superman sentiu o peso daquelas palavras. Ele havia esperado
por isso, mas ouvir a confirmação ainda era um golpe. O governo dos Estados
Unidos, a nação que ele jurou proteger, agora o via como uma ameaça.
— Clark, eles estão enviando reforços. E não estou falando
apenas de tropas. Estão convocando metas-humanos, e até mesmo a Liga da Justiça
pode ser forçada a intervir — continuou Batman.
Superman sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele sabia o
que aquilo significava. Se a Liga fosse chamada, ele teria que enfrentar seus
próprios amigos, aqueles com quem lutou lado a lado por tanto tempo.
— Eu não vou lutar contra vocês — disse ele, sua voz
carregada de uma tristeza profunda.
— E nós não queremos lutar contra você, mas se for
necessário… — Diana começou, mas parou, sem saber como continuar.
Superman assentiu, compreendendo a dificuldade da situação.
Ele não queria ser forçado a lutar contra aqueles que amava, mas a verdade e a
justiça eram princípios pelos quais ele estava disposto a sacrificar tudo.
Enquanto pensava em suas próximas ações, ele percebeu que
não poderia continuar sozinho. Ele precisava de aliados, pessoas que
entendessem a gravidade da situação e que estivessem dispostas a lutar pela
verdade, mesmo que isso significasse se voltar contra seu próprio país.
Ele sabia que havia pessoas dentro do governo e do exército
que também tinham suas dúvidas, que poderiam ser persuadidas a ver a verdade.
Ele precisava encontrar essas pessoas, formar uma resistência interna que
pudesse trabalhar para expor as mentiras e acabar com a guerra antes que mais
vidas fossem perdidas.
Com essa decisão, Superman olhou para Diana, seu olhar firme
e decidido.
— Eu preciso de sua ajuda, Diana. Não para lutar, mas para
trazer à luz a verdade. Precisamos parar essa guerra antes que seja tarde
demais.
Diana olhou para ele por um longo momento, considerando suas
palavras. Ela sabia que Clark estava certo, que ele não era um inimigo, mas sim
um herói tentando fazer o que era certo em um mundo cheio de incertezas.
— Estou com você, Clark. Vamos expor essa mentira juntos.
Com um acordo silencioso selado, os dois heróis partiram.
Superman sabia que o caminho à frente seria árduo, cheio de desafios e
sacrifícios, mas ele estava preparado. Ele havia escolhido seu lado, e nada o
faria desviar de seu propósito.
Enquanto a noite caía sobre o deserto, Superman e
Mulher-Maravilha voaram em direção ao horizonte, prontos para enfrentar o
império de mentiras que ameaçava destruir tudo o que eles juraram proteger. A
batalha pela verdade havia começado, e eles estavam dispostos a lutar até o
fim.
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