Titã: Capítulo: 24
O silêncio nos calabouços era interrompido apenas pelo som do metal sendo forjado e os magos murmurando encantamentos. Alaric, agora líder não apenas pela força, mas pela esperança que incutia, preparava-se para a missão mais arriscada até então: um ataque coordenado aos dragões que dominavam as cidades.
Os mechas estavam prontos. Alaric, em seu Titã, lideraria um
grupo de outros cinco mechas. Cada um tinha um design distinto, com armas e
magias únicas, adaptadas às habilidades de seus pilotos. O ambiente estava
carregado de tensão e expectativa. Todos sabiam que a missão seria perigosa,
mas também sabiam que era necessária. Era hora de levar a luta aos dragões.
Ao amanhecer, com o som de um gongo retumbante ecoando pelos
túneis, os mechas começaram a se mover. Era um espetáculo impressionante:
gigantes de metal, com luzes mágicas brilhando, avançando pelo portal mágico
que os levaria à cidade ocupada pelos dragões.
Ao atravessar o portal, a visão era desoladora. A cidade,
outrora próspera, estava em ruínas, coberta de cinzas e fogo. Os dragões,
gigantescos e aterrorizantes, patrulhavam os céus e as ruas, sua presença uma
constante ameaça. Alaric, em seu Titã, ergueu a espada gigante e sinalizou para
os outros mechas avançarem em formação.
O primeiro ataque veio de um dragão vermelho, suas escamas
brilhando como lava. Ele mergulhou do céu, soltando uma rajada de fogo que fez
o chão tremer. Os mechas se dispersaram, mas não sem que um dos mais lentos
fosse atingido, suas proteções mágicas absorvendo o impacto inicial.
"Formação defensiva!" Alaric ordenou, sua voz
ressoando nos comunicadores. Os mechas se alinharam, levantando escudos mágicos
e armas. Os magos que acompanhavam o grupo do solo começaram a lançar feitiços
de reforço, aumentando a resistência dos mechas ao fogo.
A batalha começou de verdade quando um segundo dragão, negro
como a noite, apareceu entre as nuvens de fumaça. Ele desceu rapidamente, sua
presença causando uma onda de pânico entre as forças terrestres. Com um rugido
ensurdecedor, ele atacou um dos mechas mais próximos, suas garras rasgando o
metal e a magia como se fossem papel.
Os mechas responderam com suas próprias armas. Flechas
gigantes, lançadas por arcos encantados, perfuraram as escamas dos dragões, mas
não eram suficientes para deter suas investidas. Alaric se viu enfrentando o
dragão negro, sua espada de energia cintilando com a força de feitiços antigos.
"Segurem a linha! Não deixem eles avançarem!"
Alaric gritou, atacando com toda a força. Sua espada cortou profundamente as
escamas do dragão, que rugiu de dor e fúria. Mas a vitória estava longe de ser
certa. Outro mecha, à sua esquerda, foi atingido por um jato de fogo, suas
defesas colapsando enquanto o piloto lutava desesperadamente para ejetar-se
antes que a máquina explodisse.
Enquanto isso, os magos em solo faziam o possível para
conter os dragões com feitiços de gelo e relâmpagos. Criaturas invocadas por
eles corriam pela cidade, tentando distrair os dragões e proteger os mechas.
Mas os dragões eram muitos, e cada vez que um caía, parecia que dois surgiam em
seu lugar.
Um terceiro dragão, menor mas não menos feroz, apareceu,
suas escamas azuis refletindo o caos ao seu redor. Ele voou baixo, suas asas
causando ventos cortantes que balançaram os mechas e dificultaram a visão dos
pilotos. Alaric, percebendo a ameaça iminente, gritou ordens para reorganizar
as forças.
"Foco no dragão azul! Protejam os flancos!" Ele
gritou, movendo seu mecha com agilidade surpreendente. Ele lançou uma série de
projéteis encantados, cada um explodindo contra o dragão e arrancando escamas.
Mas o dragão, em resposta, soltou uma rajada de gelo que congelou parte da
armadura do Titã, tornando seus movimentos mais lentos.
Os outros mechas tentaram aproveitar a distração. O segundo
no comando, um mecha conhecido como Leviatã, avançou com uma lança mágica,
perfurando o dragão azul no abdômen. O dragão gritou, suas asas batendo
descontroladamente enquanto tentava se libertar.
Entretanto, o preço da ofensiva foi alto. Um dos mechas mais
vulneráveis, conhecido como Aegis, foi pego de surpresa por um quarto dragão
que apareceu do nada. Suas garras cortaram a estrutura do Aegis, que colapsou
em um estrondo de metal e magia.
A luta tornou-se cada vez mais desesperada. Os mechas
restantes tentavam manter a formação, mas a força dos dragões parecia
implacável. A cada golpe, a cada explosão, a cidade se transformava em um campo
de batalha ainda mais devastado.
Alaric, ainda lutando contra o dragão negro, sentia o peso
da responsabilidade e o desespero de ver seus companheiros caindo. Ele sabia
que precisavam de um golpe decisivo, algo que pudesse virar a maré da batalha.
Com um grito de determinação, ele ativou o núcleo de energia do Titã, liberando
uma onda de magia concentrada que explodiu em todas as direções, empurrando o
dragão negro para trás e criando uma abertura.
"Agora, todos juntos! Concentrem o fogo!" Ele
ordenou, sua voz uma mistura de comando e súplica. Os mechas restantes se
uniram, lançando suas últimas forças em um ataque coordenado. Projéteis,
flechas encantadas e feitiços convergiram sobre os dragões, criando uma
tempestade de luz e destruição.
Finalmente, com um rugido final, o dragão negro caiu, seu
corpo enorme esmagando os escombros da cidade. O dragão azul, ferido e
desorientado, tentou fugir, mas foi abatido pelos ataques incessantes dos
mechas.
Quando a poeira finalmente baixou, Alaric olhou ao redor,
vendo os restos da batalha. Vários mechas estavam destruídos, seus pilotos
mortos ou gravemente feridos. Mas a vitória, por mais amarga que fosse, estava
ali. Eles haviam derrotado os dragões naquele campo de batalha.
Com o coração pesado, Alaric liderou os sobreviventes na
busca por qualquer sinal de vida entre os escombros. Eles encontraram alguns
civis, escondidos em porões e edifícios parcialmente destruídos. Os
sobreviventes, ao verem os mechas e seus pilotos, aplaudiram e choraram,
tratando-os como heróis que haviam trazido uma centelha de esperança em meio à
escuridão.
A missão de resgate começou imediatamente. Os magos e
médicos trabalharam incansavelmente para tratar os feridos, enquanto os
cavaleiros e soldados ajudavam a evacuar os sobreviventes para locais mais
seguros. A notícia da vitória foi enviada de volta aos calabouços, trazendo uma
breve, mas necessária, sensação de alívio e triunfo.
Nos calabouços, o ambiente era um misto de exaustão e
alívio. As paredes ecoavam os sons de martelos e serras, enquanto mecânicos e
magos trabalhavam juntos para consertar os mechas danificados. Alaric, ainda no
Titã, ajudava a coordenar os esforços, garantindo que cada máquina recebesse a
atenção necessária para estar pronta para a próxima batalha.
Os sobreviventes resgatados da cidade devastada estavam
sendo acomodados em áreas seguras dos calabouços. As feridas eram tratadas com
magia de cura e remédios tradicionais. Crianças choravam, abraçando seus pais
com força, enquanto adultos agradeciam silenciosamente aos cavaleiros e pilotos
dos mechas por terem salvado suas vidas.
Alaric, após garantir que seu mecha estava sendo reparado,
caminhou pelos corredores do calabouço, observando os rostos cansados, mas
determinados, ao seu redor. Ele encontrou-se com Eldrin, o chefe dos mecânicos
anões, que estava supervisionando a reparação do Leviatã, um dos mechas que
sofreu grandes danos na última batalha.
“Como estão as coisas, Eldrin?” Alaric perguntou, observando
as faíscas voarem enquanto os anões soldavam partes da estrutura do Leviatã.
“Estamos progredindo, Alaric. Esses mechas são duros na
queda, mas nós também. Em breve, eles estarão prontos para outra rodada, se
necessário,” respondeu Eldrin, com um sorriso cansado, mas resoluto.
Alaric assentiu, satisfeito com o progresso. “Precisamos de
todos prontos. Não sabemos quando os dragões atacarão novamente, mas precisamos
estar preparados.”
Deixando Eldrin e os mecânicos ao trabalho, Alaric
dirigiu-se ao setor médico. Lá, encontrou Mira, uma talentosa maga de cura, que
estava cuidando de um dos pilotos feridos. O cheiro de ervas e poções preenchia
o ar, misturando-se com a luz suave das runas de cura que brilhavam nas
paredes.
“Mira, como estão os feridos?” Alaric perguntou,
inclinando-se para ver o estado do piloto que ela tratava.
“Estão se recuperando bem, Alaric. A maioria terá alta em
poucos dias, embora alguns necessitem de mais tempo. As magias de cura estão
funcionando, mas há limites para o que podemos fazer rapidamente,” ela
respondeu, olhando para ele com olhos cansados, mas cheios de determinação.
“Você está fazendo um trabalho incrível. Todos vocês estão.
Esses homens e mulheres têm sorte de ter você cuidando deles,” disse Alaric,
colocando uma mão reconfortante no ombro de Mira.
Ele continuou seu caminho, parando em um grande salão onde
estavam acontecendo as reuniões estratégicas. Lá, os líderes militares e civis
se reuniam para discutir o próximo passo. Alaric encontrou-se com Jorin, o
comandante dos cavaleiros, e Kael, o estrategista-chefe.
“Precisamos garantir que cada calabouço esteja preparado
para um possível ataque,” disse Kael, apontando para um mapa detalhado que
mostrava a localização de todos os calabouços conhecidos.
“Estamos reforçando as defesas, mas precisamos de mais
informações sobre esses dragões. De onde estão vindo? E por que agora?” Jorin
questionou, sua expressão séria.
Alaric, ouvindo as preocupações de seus companheiros,
decidiu intervir. “Precisamos formar equipes de reconhecimento. Precisamos de
olhos no céu e ouvidos no chão. Qualquer informação pode ser a chave para nossa
sobrevivência.”
A reunião continuou por horas, com planos sendo traçados e
revisados, estratégias discutidas e recursos alocados. A urgência da situação
não permitia margem para erros. Cada detalhe precisava ser perfeito.
Com a reunião concluída, Alaric foi para a área de descanso,
onde encontrou alguns dos pilotos dos mechas sobreviventes. Eles estavam
reunidos, conversando em voz baixa, mas se levantaram ao vê-lo.
“Como estão todos?” Alaric perguntou, sentando-se entre
eles.
“Cansados, mas prontos, Alaric,” respondeu Lyra, uma das
pilotos mais jovens, mas com uma coragem e habilidade que superavam sua idade.
“Sabemos que a luta está longe de terminar, mas não vamos desistir.”
“É isso que eu queria ouvir,” disse Alaric, sorrindo para o
grupo. “Precisamos manter essa determinação. Juntos, somos mais fortes do que
qualquer dragão.”
Enquanto a noite caía, as luzes mágicas dos calabouços
acendiam-se, criando um ambiente seguro e acolhedor. As pessoas se reuniam em
torno de fogueiras, compartilhando histórias e refeições simples. Era um
momento raro de paz em meio ao caos que havia se tornado a norma.
Alaric encontrou-se pensando no futuro, no que viria a
seguir. Ele sabia que a luta contra os dragões seria longa e árdua, mas também
sabia que não estava sozinho. Com seus amigos, aliados e as poderosas máquinas
que haviam construído, ele acreditava que poderiam encontrar uma maneira de
superar essa ameaça.
Na manhã seguinte, a movimentação nos calabouços recomeçou
cedo. Os cavaleiros estavam em patrulha constante, atentos a qualquer sinal de
perigo. Os mecânicos continuavam a trabalhar nos mechas, enquanto os magos
reforçavam as defesas mágicas.
Alaric, determinado a garantir a segurança de todos,
reuniu-se com um grupo de elite para discutir a criação de uma rede de
comunicação mais eficiente entre os calabouços. “Precisamos garantir que
qualquer informação sobre os movimentos dos dragões seja compartilhada
imediatamente. Isso pode nos dar a vantagem de que precisamos.”
Eles discutiram o uso de cristais de comunicação, uma antiga
magia que permitia a transmissão de mensagens entre grandes distâncias. Com a
ajuda dos magos, eles começaram a instalar esses cristais em pontos
estratégicos dos calabouços.
Os dias passaram com uma calma tensa. A reconstrução
continuava, mas todos sabiam que a próxima batalha poderia estar a qualquer
momento. As defesas estavam sendo reforçadas, e as estratégias aprimoradas.
Alaric treinava constantemente, aperfeiçoando suas habilidades no controle do
mecha Titã.
Durante uma dessas sessões de treino, ele encontrou-se com
Eldrin novamente. “Alaric, estamos pensando em algumas melhorias para o Titã.
Algo que possa aumentar sua resistência e poder de ataque.”
“Qualquer coisa que possa nos dar uma vantagem é bem-vinda,
Eldrin. O que você tem em mente?” perguntou Alaric, curioso.
Eldrin sorriu, puxando um pergaminho de dentro de seu bolso.
“Estamos trabalhando em um novo tipo de armadura, mais leve, mas extremamente
resistente. E estamos desenvolvendo uma nova arma, uma lança de energia que
pode perfurar as escamas dos dragões com mais eficiência.”
Alaric olhou para os esboços no pergaminho, impressionado.
“Isso pode fazer a diferença, Eldrin. Vamos fazer o que for preciso para que o
Titã esteja equipado com essas melhorias o mais rápido possível.”
Enquanto as melhorias eram implementadas, os magos e
alquimistas também trabalhavam em novas poções e encantamentos. Tudo estava
sendo feito para garantir que, na próxima batalha, eles estivessem mais
preparados do que nunca.
Em uma noite particularmente silenciosa, Alaric encontrou-se
no topo de uma das torres dos calabouços, olhando para o céu estrelado. Ele
pensava nos sacrifícios feitos, nas vidas perdidas, e na responsabilidade que
carregava em seus ombros.
Lyra apareceu, silenciosa como sempre, e ficou ao seu lado.
“Estamos prontos para o que vier, Alaric. Não importa o que aconteça, não
estamos sozinhos nessa.”
Alaric sorriu, grato pela presença da jovem piloto. “Você
tem razão, Lyra. Vamos enfrentar isso juntos. E vamos vencer. Não por nós
mesmos, mas por todos aqueles que dependem de nós.”
E assim, enquanto o silêncio da noite envolvia os
calabouços, uma determinação silenciosa crescia entre todos. Eles sabiam que a
batalha contra os dragões seria difícil, mas também sabiam que, com coragem,
inteligência e união, poderiam superar qualquer desafio.
A manhã seguinte trouxe novas esperanças. Os mechas, agora
reforçados e equipados com as melhorias, estavam prontos. Os pilotos estavam
determinados, e os magos e mecânicos confiantes no trabalho realizado.
,,,.jpg)
Comentários
Postar um comentário