Titã: Capítulo: 42
Elian, sentado dentro do cockpit do Titã, sentiu o impacto familiar de atravessar o portal interplanetário. A luz ofuscante do salto dimensional envolveu o mecha por um instante, e então, em uma fração de segundo, o vasto e desolado deserto de Arkon foi substituído pelo caos de uma cidade em chamas. O planeta para o qual haviam sido enviados era uma paisagem de destruição. Prédios desmoronados, ruas rachadas e crateras fumegantes mostravam os rastros da devastação causada pelo dragão que ali reinava.
A atmosfera era densa de fumaça e o cheiro de enxofre,
misturado com poeira e cinzas, fazia o ar vibrar com uma tensão opressiva. O
rugido distante do dragão ecoava como trovão, e a sombra de suas enormes asas
cobria o céu, fazendo o sol parecer um mero ponto no horizonte.
“Chegamos,” disse Elian através do comunicador, ajustando os
controles do Titã para descer suavemente à superfície. O impacto das pernas de
metal do mecha ao tocar o solo reverberou pela terra, levantando uma nuvem de
poeira. “Preparem-se. Temos um trabalho difícil pela frente.”
Ao redor, outros mechas de sua unidade emergiam do portal. O
Colosso, pilotado por Rhea, posicionou-se ao lado de Elian. Lira, no Águia de
Fogo, já sobrevoava a área em busca de alvos.
“O dragão está ao norte,” relatou Lira do alto. “Ele está
destruindo as torres de energia da cidade. Se ele conseguir derrubar a rede
inteira, as defesas vão cair de vez.”
Elian assentiu e acionou os propulsores do Titã, avançando
com força total em direção à fonte do caos. O chão sob seus pés de metal tremia
com o poder do mecha, enquanto os outros o seguiam em formação. No caminho,
encontraram pilhas de destroços e destroços flamejantes, evidências de uma
batalha que já havia deixado cicatrizes profundas naquela civilização.
Assim que alcançaram o coração da cidade, avistaram a
criatura. O dragão era uma besta colossal, seu corpo coberto de escamas negras
como a noite, reluzindo sob a luz fraca do dia encoberto por fumaça. Suas asas
eram enormes, projetando-se como velas rasgadas, e suas garras afiadas
arrancavam pedaços de concreto e aço das torres que ele destruía. O rugido do
monstro sacudia o ar, e de sua boca escorria uma corrente de chamas que se
espalhava pelas ruas como uma maré de fogo.
“Ali está,” murmurou Elian, sentindo a adrenalina correr por
suas veias. “Vamos derrubá-lo.”
Rhea, sempre firme, ajustou os escudos do Colosso. “Estamos
prontos, Capitão. Só precisamos de uma distração para pegá-lo desprevenido.”
“Deixe comigo,” Lira respondeu. O Águia de Fogo mergulhou do
céu, disparando uma saraivada de mísseis de alta precisão contra o dragão. As
explosões atingiram o flanco da criatura, chamando sua atenção. Com um rugido
furioso, o dragão levantou voo, suas asas gigantescas levantando um redemoinho
de poeira e detritos, enquanto virava seus olhos flamejantes para o mecha
aéreo.
“Agora!” Elian gritou, impulsionando o Titã para frente com
toda sua força. O mecha avançou como um trovão, o solo rachando sob seus pés.
Com um soco potente, o Titã lançou sua espada de plasma diretamente contra o
dragão, cortando o ar com um zumbido agudo. O dragão, no entanto, era ágil para
seu tamanho. Ele girou no ar, desviando-se do ataque e soltando uma rajada de
fogo em retaliação.
Elian puxou os controles do Titã, ativando os escudos
defensivos que absorveram parte do impacto das chamas, mas o calor intenso
ainda fez os alarmes de superaquecimento soarem dentro do cockpit.
“Cuidado, Elian!” Rhea gritou, correndo com o Colosso para a
linha de frente. Ela posicionou seu mecha entre o dragão e o Titã, ativando o
enorme escudo do Colosso para proteger os dois. As chamas do dragão
ricochetearam contra o escudo, espalhando-se pelo ar como uma onda de lava.
“O monstro é rápido,” disse Elian, ajustando os sistemas de
arrefecimento do Titã. “Precisamos diminuir sua mobilidade.”
Lira voou baixo mais uma vez, disparando feixes de energia
concentrada contra as asas do dragão, tentando restringir seus movimentos
aéreos. O dragão rugiu em agonia quando uma das asas foi parcialmente
danificada, e ele começou a perder altitude, caindo pesadamente no chão com um
estrondo que sacudiu toda a cidade.
“Essa é a nossa chance!” gritou Elian. Ele avançou,
brandindo sua espada de plasma, e desferiu um golpe certeiro nas costas da
criatura. O som de metal contra escama ecoou pela cidade, e faíscas voaram
enquanto a lâmina do Titã rasgava as grossas placas de proteção do dragão.
O monstro, ferido mas não derrotado, se ergueu novamente com
um rugido ensurdecedor. Ele balançou sua cauda com violência, acertando o Titã
e lançando Elian para trás. O mecha rolou pelo chão, derrubando postes e
prédios menores até que Elian conseguiu estabilizar o controle.
“Ele ainda está lutando!” gritou Rhea, enquanto o Colosso
avançava com o escudo e martelo de energia em mãos. Ela atacou a cabeça do
dragão, tentando distraí-lo e causar danos suficientes para incapacitar a
criatura.
O dragão, furioso, reagiu com um golpe poderoso de suas
garras, rasgando o flanco do Colosso. Chamas subiram de suas entranhas, e o
impacto da luta se espalhava pelos prédios ao redor, enquanto o fogo devorava o
que restava da cidade.
Lira, no Águia de Fogo, continuava disparando de cima,
atingindo as articulações do dragão para enfraquecer seus movimentos. Elian,
com o Titã finalmente de pé novamente, avançou uma última vez.
“Rhea, agora!” ele gritou, e os dois mechas atacaram em
uníssono.
Elian desferiu um golpe final nas pernas do dragão com sua
espada de plasma, enquanto Rhea esmagava o crânio da criatura com seu martelo.
O dragão urrou em agonia e caiu ao chão, finalmente imobilizado.
As chamas ao redor começaram a se extinguir, e a cidade,
embora devastada, começava a se acalmar após a luta intensa. O dragão jazia
derrotado, suas asas despedaçadas e o corpo imóvel.
“Conseguimos,” disse Rhea, ofegante, enquanto o Colosso se
afastava da criatura caída.
Elian respirou fundo dentro do cockpit do Titã. As lutas
pareciam intermináveis, mas essa vitória era crucial. Contudo, ele sabia que,
enquanto os portais continuassem abertos, sempre haveria novos dragões e novas
ameaças.
“Não podemos baixar a guarda,” disse Elian, olhando para as
ruínas ao redor. “Ainda temos muito trabalho pela frente.”
Elian ainda estava dentro do cockpit do Titã, observando as
ruínas da cidade enquanto sua equipe trabalhava para resgatar os sobreviventes
e ajudar na reconstrução. Os sensores do Titã monitoravam cada canto da área,
procurando sinais de novos dragões ou outras ameaças. O calor das chamas ainda
era palpável, e as cinzas caíam como uma fina neblina ao redor.
Foi então que os alarmes começaram a soar. Elian olhou
rapidamente para os monitores, vendo que algo estava errado. Um novo sinal de
energia estava se aproximando rapidamente da cidade. Mas não era um dragão. O
radar estava detectando vários mechas desconhecidos, vindo na direção deles em
alta velocidade.
“Elian,” a voz de Rhea veio pelo comunicador, “temos
companhia. São mechas... mas não são nossos.”
Elian apertou os controles com força, o coração acelerado.
“Mechas inimigos? O que eles estão fazendo aqui?” Ele rapidamente reconfigurou
o Titã para combate, ajustando os escudos e ativando as armas de longo alcance.
“Todos os mechas, preparem-se para o confronto. Isso vai ficar feio.”
Lira, no Águia de Fogo, voou alto para ter uma visão clara
da situação. “Temos cinco mechas hostis vindo do norte,” ela informou. “Eles
estão armados até os dentes e não parecem estar aqui para conversar.”
“Droga,” murmurou Elian, ajustando os sistemas do Titã para
o modo de batalha total. “Estamos enfraquecidos por causa da luta com o dragão.
Precisamos recuar e reagrupar.”
Mas antes que pudesse dar a ordem, os mechas inimigos
abriram fogo. Mísseis e raios de plasma cortaram o céu, explodindo em torno da
equipe de Elian. Prédios já fragilizados foram destruídos em uma chuva de
destroços, e o som ensurdecedor das explosões ecoou por toda a cidade.
“O que está acontecendo?” Rhea gritou enquanto o Colosso
levantava seu escudo para bloquear os ataques. “Por que estão nos atacando?”
“Esses mechas são de outro reino,” respondeu Elian, já
compreendendo a situação. “Eles veem nosso reino como uma ameaça. Acham que,
quando a guerra contra os dragões acabar, nós vamos dominar todos os planetas
com a nossa força militar.”
“Então estão nos atacando enquanto ainda estamos no meio da
guerra?” Lira protestou, mergulhando para evitar um raio de plasma que quase a
atingiu no ar. “Eles enlouqueceram!”
Elian não teve tempo para discutir. Os mechas inimigos
estavam cada vez mais perto, e seus ataques estavam se intensificando. Ele
ativou os propulsores do Titã e avançou para enfrentar o primeiro inimigo. Um
mecha vermelho, com um design agressivo e artilharia pesada nos braços, se
destacou do grupo adversário.
“Vamos ver do que você é feito,” Elian disse para si mesmo,
antes de desferir um poderoso golpe com a espada de plasma do Titã.
O mecha inimigo desviou por pouco, mas Elian continuou
pressionando o ataque. Ele lançou um golpe atrás do outro, enquanto o inimigo
tentava se defender com seus próprios escudos de energia. Mas o Titã era rápido
e implacável. Finalmente, com um movimento certeiro, Elian cortou o braço do
mecha inimigo, desativando uma de suas armas.
O mecha vermelho tropeçou para trás, soltando faíscas e
fumaça de seus sistemas danificados. Elian não perdeu tempo e o finalizou com
um golpe na parte traseira, destruindo o reator e deixando o adversário imóvel
no chão.
“Um a menos,” disse Elian, ofegante.
Enquanto isso, Rhea lutava contra dois inimigos ao mesmo
tempo. O Colosso, com seu escudo indestrutível e martelo de energia, era uma
muralha impenetrável, mas os ataques contínuos dos mechas inimigos estavam
começando a desgastar suas defesas.
“Preciso de suporte aqui!” ela gritou, bloqueando um ataque
vindo pela direita enquanto tentava contra-atacar com o martelo.
Lira, no Águia de Fogo, voou baixo e disparou uma rajada de
mísseis contra os mechas que atacavam Rhea, dando-lhe o respiro necessário para
se reposicionar. “Segure firme, estou aqui!”
O combate se tornou caótico. Explosões e faíscas preenchiam
o campo de batalha enquanto os dois lados trocavam ataques ferozes. O barulho
dos impactos entre o metal e os rugidos de plasma e mísseis se misturavam com
os gritos no rádio, criando uma cacofonia de destruição.
Elian estava concentrado em seu próximo alvo, um mecha azul
esguio e ágil, que usava uma lança de energia. O inimigo era rápido e
habilidoso, dançando ao redor dos ataques do Titã e desferindo golpes precisos
com sua lança. Elian teve que usar toda sua habilidade e reflexos para bloquear
e desviar dos ataques.
“Esse é difícil,” ele resmungou, enquanto o mecha azul o
pressionava, tentando encontrar uma brecha em sua defesa.
Finalmente, o inimigo conseguiu acertar um golpe. A lança
perfurou o escudo de energia do Titã e atingiu sua lateral, fazendo os alarmes
soarem dentro do cockpit. Elian gritou de dor enquanto o impacto sacudia todo o
mecha.
“Maldição!” ele exclamou, forçando o Titã a se afastar.
Mas, mesmo ferido, Elian não estava disposto a desistir. Ele
reuniu toda sua energia e ativou o canhão de plasma do Titã, disparando um
poderoso feixe de luz diretamente contra o mecha azul. O raio atingiu o
adversário em cheio, e o mecha explodiu em uma bola de fogo e fumaça.
“O inimigo está caindo, mas precisamos acabar com isso
logo!” Elian disse no comunicador, sentindo a exaustão tomar conta.
O campo de batalha estava uma bagunça. Os destroços de
mechas inimigos e aliados estavam espalhados por toda parte, e as chamas que
ainda queimavam da luta contra o dragão só pioravam a situação. As ruas da
cidade estavam irreconhecíveis, e os prédios restantes eram escombros.
Rhea ainda estava lutando contra seu oponente, enquanto Lira
tentava oferecer suporte aéreo, mas os inimigos continuavam vindo. Não havia
fim para essa batalha.
Foi quando um novo sinal apareceu no radar de Elian.
“Mais mechas?!” ele perguntou incrédulo. “Não vamos aguentar
mais um ataque.”
Mas, para sua surpresa, os novos mechas que apareceram não
eram inimigos. Eram reforços de seu próprio reino. Uma frota de mechas
avançados surgiu do portal, liderados por um imenso mecha dourado.
“Reforços chegaram!” Rhea gritou aliviada. “Finalmente!”
O mecha dourado, pilotado por um dos melhores generais do
reino, avançou diretamente contra os inimigos restantes, destruindo-os com
facilidade. Em poucos minutos, a batalha estava terminada.
Elian respirou fundo, aliviado, mas sabia que essa vitória
era apenas temporária. A guerra entre os reinos estava apenas começando, e,
enquanto eles lutavam uns contra os outros, os dragões continuavam a ameaçar os
planetas.
“Não podemos nos dar ao luxo de mais divisões,” disse Elian,
olhando para os destroços ao redor. “Se continuarmos assim, vamos perder a
guerra contra os dragões.”
Ele sabia que essa guerra de mechas entre os reinos era uma
distração perigosa. Se não encontrassem uma maneira de se unir novamente, os
dragões poderiam acabar vencendo essa guerra enquanto eles estavam ocupados
lutando entre si.
Mas, por enquanto, tudo o que podiam fazer era continuar
lutando.
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