Titã: Capítulo: 44

 

 

Após o que parecia ser uma eternidade no campo de batalha, Elian finalmente viu a luz do portal se abrir diante dele. O Titã, seu mecha fiel e imponente, atravessou a passagem dimensional, deixando para trás os destroços dos inimigos e a poeira da guerra. Assim que emergiu do outro lado, Elian sentiu um rompimento breve, mas intenso. Ele estava de volta ao reino, ao lar, onde ele e seus aliados trabalharam incansavelmente para proteger os mundos dos dragões e, mais recentemente, das ameaças dos mechas inimigos.

As torres metálicas da cidade se erguiam no horizonte, com sua arquitetura imponente e imaculada, símbolo da força e inovação do reino. Acima de tudo, era um local de produção incessante de novos mechas, conhecido por sua eficiência e letalidade em combate. Cada setor da cidade vibrava com a energia das fábricas, e era sempre necessário com algumas máquinas funcionando. Os trabalhadores e engenheiros, juntamente com os cientistas e pilotos, formaram a espinha dorsal do reino.

— Estamos em casa, Titã, — murmurou Elian enquanto o mecha gigante se movia com graciosidade através das aberturas de segurança do complexo principal.

Assim que ele pousou o Titã na plataforma designada, uma equipe de manutenção já se aproximava. Eles eram rápidos e eficientes, retirando os destroços da última batalha que ainda estavam grudados na armadura do mecha e iniciando os reparos necessários. Elian desceu da cabine, seus músculos cansados ​​da exaustão das lutas anteriores.

A capitã Rhea e Lira também estavam retornando com seus próprios mechas, todos com marcas evidentes da batalha recente. Havia buracos de plasma, arranhões profundos e peças faltando. Não foi um retorno triunfal, mas foi um retorno. E, no final, isso era o mais importante.

— Bom trabalho lá fora, — disse Rhea, aproximando-se de Elian com um sorriso cansado. — Não sei se teríamos conseguido sem o Titã liderando o ataque contra os dragões.

Elian deu de ombros, tentando ignorar a tensão que ainda percorria seus músculos.

—Tipo sorte, Rhea. Mas esses mechas inimigos estão ficando mais agressivos e mais bem organizados. Algo está acontecendo, e não estamos vendendo o todo.

Lira se juntou à conversa, ainda dentro do cockpit do seu mecha Águia de Fogo. — Eles não estão lutando como antes. Você acha que essa é uma estratégia maior, Elian? Algo que estamos ignorando?

— Não sei, — ele respondeu, pensativo. — Mas tenho a sensação de que estamos apenas no começo de algo muito maior.

Enquanto conversavam, um mensageiro veio correndo pelo setor de comando. Ele estava claramente agitado, o que fez com que os três pilotos parassem imediatamente a conversa.

— Elian, Capitã Rhea, Lira! Você precisa comparecer ao salão de estratégia imediatamente. O conselho está em reunião, e sua presença é requisitada. Algo urgente aconteceu.

Sem hesitar, os três seguiram o mensageiro até o centro de comando do reino, onde as decisões mais importantes foram tomadas. As luzes brancas e frias da sala de reuniões os cegaram por um momento enquanto entravam, mas logo seus olhos se ajustaram à visão dos líderes reunidos.

No centro da sala, o rei Talion, o governante supremo do reino, estava ao lado dos conselheiros e generais. Seu rosto era severo, suas rugas mais profundas do que de costume. Ele gesticulou para que eles se aproximassem e olhassem diretamente para Elian.

— Vocês fizeram um excelente trabalho na batalha recente, mas temo que as coisas estão prestes a piorar, — disse Talion. — As ameaças não vêm apenas dos dragões ou dos mechas inimigos que enfrentamos lá fora. O que descobriu nas últimas horas é mais perturbador.

Um dos conselheiros ativou um holograma no centro da mesa. A imagem de um planeta desconhecido apareceu diante deles, junto com detalhes técnicos que justificam uma análise estratégica.

— Este é o planeta Ymir, — começou o conselheiro. — Um dos mundos que ainda está sob a tirania dos dragões. Enviamos sondas para observar a situação, e o que encontramos é alarmante. Não são apenas dragões que controlam esse planeta. Há mechas de outros reinos se aliando aos dragões.

— Está aliando aos dragões? — Rhea interrompeu, incrédula. — Isso é impossível. Ninguém seria louco o suficiente para se aliar a essas criaturas!

— Louco ou desesperado, — corrigiu o rei Talion. — Existem reinos menores que estão temendo a ascensão do nosso poder. A guerra dos dragões está se tornando uma desculpa para que reinos rivais formem alianças sombrias. Eles temem que, quando derrotamos os dragões, um único reino domina todos os planetas. Eles não querem esperar para descobrir se isso será verdade.

Elian sentiu um peso ainda maior em seus ombros. Ele sabia que a guerra estava acontecendo, mas aliar-se aos dragões? Isso foi um nível de traição que não havia previsto.

— Então, eles estão tentando ganhar tempo e enfraquecer-nos antes de enfrentarmos os dragões restantes, — concluiu Elian.

— Exatamente, — respondeu o conselheiro. — E se não agirmos rápido, perderemos a vantagem estratégica. Eles estão tentando enfraquecer nossa linha de produção de mechas. Sem mechas, não teremos chance contra os dragões, muito menos contra os outros reinos.

— E o que você quer que façamos? — disse Lira, cruzando os braços.

— precisamos que você lidere uma operação de infiltração em Ymir, — disse Talion, apontando para o holograma. — Identifiquem-se como forças aliadas aos dragões e, se possível, desestabilizarem a aliança. Precisamos abrir caminho para uma intervenção maior e, ao mesmo tempo, garantir que nossas máquinas tenham tempo para continuar a ser produzidas aqui.

Elian olhou para o holograma do planeta. Ele sabia o que estava no jogo. Se eles falhassem, todo o equilíbrio de poder poderia ruir.

— Nós aceitamos, — disse Elian, sem hesitar. Rhea e Lira assentiram em concordância.

— Ótimo, — disse Talion, dando um suspiro de rompimento. — Prepare-se imediatamente. Vocês partem ao amanhecer.

Naquela noite, Elian mal conseguiu dormir. A preparação da missão corre solta, com engenheiros trabalhando sem parar para garantir que o Titã e os outros mechas estejam prontos. O silêncio antes da batalha era sempre o mais perturbador para ele.

Ele observou o Titã sendo reparado, suas placas de armadura sendo renovadas, e os sistemas de armas sendo revisados. Sentia-se parte daquele mecha, como se o destino deles estivesse interligado. Cada batalha vencida e cada ferimento sofrido pelo Titã refletiam o próprio desgaste de Elian.

— Tudo pronto para amanhã? — disse Rhea, aparecendo ao seu lado.

— Pronto o quanto posso estar, — respondeu ele, com um leve sorriso. — Mas você sabe, isso nunca fica mais fácil.

Rhea concordou. — Sim, mas é por isso que somos os melhores. Porque sabemos que sempre haverá outra batalha.

Os dois se despediram em silêncio, deixando o campo de reparo para uma noite curta e ansiosa. O amanhecer não é apenas uma nova missão, mas a promessa de um confronto que poderia mudar o destino de mundos inteiros.

Elian sabia que, quando o portal se abrisse novamente, ele e o Titã estariam de frente para uma nova guerra — uma guerra que iria muito além de dragões.

Elian estava sentado no cockpit do Titã, cercado por múltiplos painéis holográficos que forneciam informações sobre o status do mecha. O brilho frio das luzes era quase reconfortante em meio à tensão que se acumulava na base. Lá fora, o burburinho das equipes de manutenção e os filhos de metal sendo ajustados ecoavam pelo hangar, mas sua mente estava em outro lugar.

Ele sabia que a próxima batalha seria diferente. Eles estavam acostumados a lutar contra dragões, criaturas de fúria primitiva e força bruta, mas agora enfrentariam inimigos mais inteligentes, mais meticulosos. Outros pilotos de mechas, com os mesmos recursos tecnológicos, capacidades e talvez até melhores estratégias. Elian entendeu o que isso significava: eles não podiam depender dos mesmos métodos que obtiveram contra os dragões. Era necessário um novo tipo de preparo.

Ele saiu do cockpit e começou a caminhar pelo hangar. Os sons de martelos, soldas e comandos técnicos fluíam ao redor enquanto os engenheiros ajustavam cada detalhe dos mecanismos em preparação para o dia seguinte. Em sua mente, ele já visualizava os cenários de combate. Mecha contra mecha. A precisão dos movimentos, a leitura antecipada do interesse do oponente. Ele sabia como funcionava, mas seus aliados... muitos deles ainda estavam presos à mentalidade de enfrentar dragões.

Quando entraram na sala de operações, vários pilotos já estavam reunidos ao redor de uma grande mesa holográfica, onde uma simulação da próxima missão era exibida. Rhea e Lira eram veteranos entre eles, assim como outros da guerra contra os dragões. Elian observou por um momento antes de interromper uma discussão.

— precisamos conversar, — disse ele em um tom firme, chamando a atenção de todos na sala. Os pilotos se viraram para ele, curiosos, enquanto o holograma no centro da mesa congelava no ar.

Rhea foi a primeira a falar. — O que houve, Elián? Algo errado com a estratégia?

— Não é a estratégia que me preocupa, — ele respondeu, olhando para o grupo. — É o fato de que estamos nos preparando para uma batalha que nunca enfrentamos antes. E muitos de vocês, muitos de nós, estamos habituados a lidar com dragões. Mas agora, vamos enfrentar mechas de outros reinos. Isso muda tudo.

O silêncio na sala era pesado, todos os olhos estavam sobre ele, atentos.

— Contra os dragões, usamos força bruta e resistência. Esperamos por brechas, ataques de fúria descoordenados. Mas mechas inimigos... Eles são como nós. Pensam, planejam, se adaptam. Eles têm estratégias e táticas. Isso significa que precisamos de mais do que apenas força. precisa de precisão, de velocidade. Precisamos ser capazes de antecipar cada movimento deles antes que o faça.

Lira cruzou os braços, claramente preocupada. — Você acha que não estamos preparados?

— Eu acho que podemos estar subestimando o desafio, — Elian corrigiu. — Muitos de vocês têm habilidades incríveis no controle de seus mechas. Mas quando enfrentamos outros pilotos, é uma luta de intelecto tanto quanto de força. Precisamos treinar com isso em mente.

Rhea olhou para o mapa holográfico por um momento, depois voltou seu olhar para Elian. — O que você sugere?

Elian deu um passo à frente, ativando um novo holograma na mesa. Desta vez, uma simulação de combate entre dois mechas começou a ser projetada. Ele observou enquanto um mecha realizava um ataque direto, enquanto o outro desviava com movimentos calculados, aproveitando a abertura para um golpe letal.

— Treino tático, — ele disse enquanto a simulação continuava. — precisamos praticar manobras de evasão, leitura de movimentos, estratégias de ataque rápidas e precisas. Muitos de vocês já são excelentes lutadores, mas lutar contra mechas exige um novo nível de adaptação. Precisamos aprender a identificar padrões, para forçar o oponente a cometer erros.

Rhea concordou lentamente, absorvendo a ideia. – Concórdia. Mas isso flui no tempo. Estamos em guerra. Não podemos dar ao luxo de parar.

— Não precisamos parar — respondeu Elian. — Podemos treinar enquanto avançamos. A cada missão, entre os combates com os dragões, precisamos usar esses momentos para ensinar e aprender. E vou começar agora. Vou treinar quem quiser aprender.

A oferta não foi feita por um momento antes de ser recebida com murmúrios de aprovação. Rhea e Lira foram as primeiras a concordar, e logo outros pilotos se manifestaram, confirmando a sabedoria nas palavras de Elian.

As horas seguintes foram intensas. Elian assumiu o papel de instrutor improvisado, utilizando o simulador de batalha para criar cenários de luta mecha contra mecha. Ele declarou táticas de evasão, movimentos rápidos de contra-ataque e a importância de manter a calma sob pressão. Em cada sessão, ele empurrava os pilotos ao limite, forçando-os a pensar em maneiras que nunca foram utilizadas antes.

O Titã, seu mecha, foi um exemplo perfeito dessas novas táticas. Durante as simulações, ele demonstrou a capacidade do Titã de se mover com agilidade surpreendente para algo de seu tamanho, evitando ataques antes de lançar investidas poderosas em momentos certos. Os outros pilotos observaram com fascínio e uma nova compreensão do que era necessário para sobreviver ao que estava por vir.

— Um dragão depende do instinto e da fúria, — Elian explicou enquanto Lira tentava, sem sucesso, derrubá-lo em uma das simulações. — Mas um piloto de mecha depende de lógica e cálculo. Contra eles, não podemos depender apenas de força bruta. precisamos ser astutos. Prever seus movimentos antes que os façam. Levar o inimigo a cometer um erro.

Lira, ofegante, finalmente se atrasou do simulador, confirmando a derrota com um sorriso cansado.

— Nunca pensei que seria tão diferente, — ela admitiu, limpando o suor da testa. — Mas você está certo. Esse tipo de luta é outro nível.

Rhea, que observava de perto, balançava a cabeça em concordância. — Estamos aprendendo, mas precisamos praticar ainda mais. E rápido.

Elian sabia que ela estava certa. O tempo era curto, e logo eles estariam enfrentando inimigos que não dariam uma segunda chance. Ele olhou para o cronômetro do simulador, que contava as horas restantes até o amanhecer. Em breve, eles partiriam para mais uma missão, desta vez enfrentando tanto dragões quanto mechas inimigos. A complexidade da guerra estava aumentando, e o destino dos três planetas estava nas mãos deles.

Na manhã seguinte, a preparação era frenética. Todos os mechas estavam alinhados na grande plataforma de lançamento, com engenheiros correndo de um lado para o outro, fazendo os ajustes finais. O estava carregado de tensão e expectativa, e os pilotos estavam mais sérios do que nunca.

Elian entrou no cockpit do Titã, seus dedos emparelhando sobre os controles. Ele sentiu o peso da responsabilidade, mas também a confiança de que estava mais preparado agora do que nunca. Os treinamentos da noite anterior não foram suficientes para transformar todos em mestres no combate mecha contra mecha, mas fizeram com que todos tivessem uma base sólida para o que estava por vir.

A voz de Rhea é nossos comunicadores de todos os pilotos.

— Está na hora. Que cada um de vocês lembre o que treinamos. Nos veremos do outro lado.

O som do portal dimensional se abrindo ecoou pelo hangar, e um a um, os mechas começaram a avançar. Elian, com o Titã liderando, foi o primeiro a atravessar o portal.

O outro lado revelou um planeta devastado pela guerra. Ruínas de uma cidade antiga se espalhavam pelo horizonte, e o céu estava tingido de vermelho pelo fogo e pela fumaça. No entanto, o que mais chamava a atenção eram os inimigos no campo de batalha. Dragões voavam nos céus, suas sombras imponentes passando sobre os destroços, enquanto mechas inimigos já aguardavam em posição de ataque no solo.

— Vamos acabar com isso, — murmurou Elian, ativando as armas do Titã e se preparando para o que seria a luta mais difícil de suas vidas.

 

 

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