Titã: Capítulo: 48

 

 

 O campo de batalha, agora um cemitério de destroços e metal retorcido, ainda vibrava com o eco das explosões recentes. A vitória era palpável, mas o ar estava pesado com o cheiro de óleo queimado e o som distante de mechas caídos se desmantelando. Elian, no cockpit do Titã, sentia a adrenalina pulsar em suas veias, mas sabia que não era hora de descansar. A guerra contra os mechas inimigos tinha tomado proporções épicas, e a luta recém-terminada não era uma garantia de paz. Pelo contrário, era apenas o prelúdio para batalhas ainda maiores.

Tudo começou com um ataque surpresa. Os sensores do Titã captaram a aproximação de um novo esquadrão de mechas inimigos antes mesmo de serem visíveis a olho nu. Elian sabia que estavam chegando, mas não tinha como prever a quantidade. Seus sistemas alertaram sobre a formação de mais de uma dúzia de mechas de combate avançados, vindos de diversas direções, cercando a cidade de todos os lados.

— Eles estão nos encurralando! — Lira gritou, sua voz tensa no comunicador. — Não vamos ter tempo de nos reagrupar!

— Todos em formação defensiva! — Elian ordenou, enquanto ajustava os controles do Titã. — Kordan, segura o centro com seus escudos. Lira e Rhea, flanqueiem e mantenham-nos afastados da cidade. Nós não podemos permitir que esses inimigos passem por aqui.

O Titã se posicionou na linha de frente, sua armadura brilhando à luz fraca do crepúsculo que caía sobre o campo de batalha. O peso da situação estava nas mãos de Elian, e ele sabia que cada segundo de decisão era crucial para a sobrevivência da equipe e da cidade.

Os primeiros inimigos chegaram com uma fúria devastadora. Três mechas inimigos, armados com espadas de energia e lançadores de mísseis, avançaram diretamente para a posição de Elian. O Titã se preparou, levantando o escudo de plasma e carregando suas armas pesadas. Assim que os inimigos se aproximaram, Elian atacou com tudo. O canhão de plasma do Titã disparou uma rajada intensa de energia, atingindo o primeiro mecha no centro do peito e desintegrando a armadura em uma explosão massiva.

— Um a menos! — Elian murmurou para si mesmo, mantendo o foco.

O segundo inimigo tentou flanqueá-lo pela esquerda, mas Elian estava preparado. Girando o Titã com uma precisão ágil, ele ativou suas lâminas energéticas, desferindo um golpe letal que cortou o braço do mecha inimigo fora. Antes que o oponente pudesse reagir, Elian disparou uma segunda rajada de plasma, pulverizando o inimigo antes de ele conseguir lançar um contra-ataque.

O terceiro mecha, entretanto, era mais ágil. Ele desviou dos ataques iniciais de Elian, saltando para o lado e disparando uma série de mísseis diretamente no Titã. As explosões atingiram o escudo de plasma, sobrecarregando-o e criando uma onda de choque que sacudiu o cockpit de Elian. O sistema do Titã começou a piscar em alerta, indicando danos ao escudo.

— Preciso de suporte aqui! — Elian gritou pelo comunicador.

Foi nesse momento que Kordan entrou em cena. Seu mecha de defesa, com o escudo gigante levantado, avançou em alta velocidade, bloqueando os mísseis restantes e empurrando o terceiro inimigo para trás com uma investida brutal. O choque entre os dois mechas ecoou como um trovão, e Kordan aproveitou o momento para desferir um golpe devastador com sua maça de energia, esmagando a cabeça do mecha inimigo em um movimento certeiro.

— Te dou cobertura, Elian! — Kordan gritou, enquanto se posicionava ao lado do Titã.

Do outro lado do campo de batalha, Lira e Rhea enfrentavam sua própria batalha intensa. Os mechas inimigos, mais leves e rápidos, tentavam cercá-las, usando a velocidade para confundir suas defesas. Mas Lira estava preparada. Ela ativou os propulsores do seu mecha e saltou sobre um dos inimigos, caindo sobre ele como um predador, desferindo golpes precisos com sua lâmina de energia.

O mecha inimigo tentou se defender, mas Lira era rápida demais. Com um movimento fluido, ela perfurou o centro do inimigo, fazendo-o explodir em uma nuvem de chamas e destroços. Sem perder tempo, ela se virou e avistou outro mecha avançando em sua direção. Ela saltou novamente, dessa vez girando no ar e cortando o inimigo ao meio antes que ele pudesse reagir.

Enquanto isso, Rhea usava sua vantagem aérea para manter os inimigos à distância. Ela disparava seus canhões de plasma de uma altura segura, destruindo os inimigos que tentavam se aproximar de Elian e Kordan. Sua mira era impecável, e cada tiro encontrava seu alvo com precisão mortal.

— Estão recuando! — Rhea anunciou, enquanto via os inimigos começarem a perder força.

No centro da formação, Elian sabia que a oportunidade de virar o jogo estava chegando. Com os inimigos recuando, ele reuniu sua equipe para um contra-ataque coordenado. O Titã, com suas armas recarregadas e sistemas estabilizados, avançou novamente. Desta vez, não havia hesitação.

— Vamos esmagá-los antes que tenham chance de se reagrupar! — Elian ordenou.

Os quatro mechas aliados avançaram como uma muralha implacável. Kordan usou seu escudo para proteger os aliados dos poucos tiros que os inimigos ainda conseguiam disparar, enquanto Lira e Rhea flanqueavam os inimigos restantes, cortando suas rotas de fuga.

Elian, na vanguarda, liderava o ataque com uma ferocidade renovada. O Titã, apesar de danificado, ainda era uma máquina de destruição em massa. Ele desferiu uma série de golpes devastadores com suas lâminas de energia, cortando e destruindo os últimos mechas inimigos que ainda estavam no campo de batalha.

— Vitória! — gritou Kordan, levantando seu escudo em triunfo, enquanto o último inimigo caía em pedaços no chão.

O campo de batalha estava em silêncio. Os destroços dos mechas inimigos estavam espalhados por toda parte, fumaça subindo de seus restos, e o céu, antes carregado de tensão, agora parecia mais claro. Elian respirou fundo, aliviado, mas com a mente ainda focada no que estava por vir. Sabia que essa era apenas uma batalha vencida, e que os inimigos, apesar de derrotados, ainda eram uma ameaça.

— Excelente trabalho, pessoal — Elian disse pelo comunicador. — Conseguimos, mas isso ainda não acabou.

Ele olhou para os destroços à sua volta e sabia que precisavam se preparar para o próximo confronto. Afinal, a guerra dos mechas estava apenas começando, e cada vitória trazia novos desafios. Enquanto os outros mechas aliados começavam a recolher os destroços e ajudar a evacuar a cidade, Elian, com o Titã ao seu lado, começava a traçar os próximos passos.

Voltando para a base, Elian sabia que precisariam revisar estratégias. A vitória de hoje tinha sido conquistada com muita dificuldade, e cada vez que enfrentavam esses inimigos, eles aprendiam mais sobre os pontos fracos e fortes dos mechas aliados e inimigos.

Na sala de comando, ele reuniu sua equipe para uma análise pós-batalha. Mapas holográficos foram projetados, mostrando os movimentos de cada lado durante a luta.

— Precisamos ajustar nossa formação defensiva — começou Elian, apontando para o momento em que quase foram flanqueados. — Eles tentaram nos cercar e, se não fosse pela rapidez da Lira e da Rhea, poderíamos ter perdido a cidade.

Lira assentiu, ainda ajustando algumas engrenagens no seu mecha. Rhea, sempre calma, apenas cruzou os braços, já pensando no que poderiam fazer melhor na próxima vez.

Enquanto se preparavam para o que vinha pela frente, uma nova transmissão veio dos radares de longa distância. Algo grande estava se aproximando. Elian sentiu a tensão voltar.

— Estamos prontos para a próxima? — perguntou ele, olhando para sua equipe.

Elian observava a cidade que acabaram de salvar. O céu estava tingido de laranja, iluminado pelos últimos raios do sol enquanto os habitantes voltavam lentamente às suas rotinas. Embora os sorrisos cautelosos e as expressões de alívio fossem visíveis nas ruas, Elian sabia que a paz era temporária. A ameaça dos mechas inimigos e dos dragões ainda pairava sobre eles como uma sombra, e ele não tinha certeza de quanto tempo aquela trégua duraria.

O Titã, seu mecha imponente, permanecia ao seu lado. Estava sujo, coberto de fuligem e com algumas partes da armadura danificadas, resultado da batalha intensa contra os dragões e os mechas inimigos. Ainda assim, o Titã era uma máquina de guerra resistente, e Elian sabia que, com alguns reparos, estaria pronto para a próxima batalha.

— Precisamos reforçar as defesas da cidade — disse Elian para sua equipe através do comunicador. — Não podemos permitir que outra surpresa nos pegue desprevenidos.

Nas horas que se seguiram, Elian e sua equipe de mechas aliados começaram a trabalhar freneticamente. Eles usaram materiais que encontraram pela cidade e restos de mechas abatidos para construir barreiras reforçadas ao redor dos pontos mais vulneráveis. Kordan, com sua vasta experiência em engenharia de combate, assumiu a liderança na construção de uma muralha metálica improvisada em torno da cidade.

— Isso deve segurar por algum tempo — comentou Kordan, limpando o suor da testa enquanto observava o progresso da muralha. — Não é perfeito, mas vai impedir que eles entrem com facilidade.

— Bom trabalho — respondeu Elian, inspecionando o trabalho com olhos atentos. — Não sabemos quando eles vão atacar novamente, então precisamos estar prontos para qualquer coisa.

Enquanto as defesas eram montadas, os mechas danificados estavam sendo reparados nos hangares improvisados que montaram na cidade. Elian observou os engenheiros trabalhando arduamente para consertar os sistemas de armas e escudos dos mechas aliados. Ele sabia que os reparos eram cruciais, pois sem eles, estariam em desvantagem nas próximas batalhas.

Lira, que tinha sofrido danos significativos em seu mecha durante a batalha contra os dragões, estava especialmente preocupada com o tempo que levaria para consertar completamente sua unidade.

— Vamos conseguir consertá-lo a tempo, Lira — disse Elian, tentando tranquilizá-la. — A equipe de engenharia é boa, e você estará de volta ao campo de batalha antes que perceba.

Ela suspirou, assentindo. Sabia que Elian estava certo, mas não podia evitar a preocupação crescente de que, se fossem atacados antes dos reparos estarem completos, estariam em uma situação ainda mais crítica.

Com a cidade protegida temporariamente e os reparos em andamento, Elian voltou sua atenção para um problema maior: os outros planetas que faziam parte do reino. Eles sabiam que as forças inimigas não iriam atacar apenas um único mundo. Se a guerra se espalhasse, planetas aliados em todo o sistema estariam sob risco. Elian precisava garantir que esses planetas estivessem tão seguros quanto possível.

Em uma reunião de emergência com os líderes das forças de defesa do reino, Elian destacou a importância de criar uma rede de defesa interplanetária. Não podiam se dar ao luxo de perder outro planeta para dragões ou mechas inimigos.

— Precisamos de patrulhas constantes em todos os planetas — começou ele, olhando para os hologramas de cada mundo que fazia parte do reino. — Vamos dividir as forças que temos e garantir que ninguém seja pego de surpresa. Precisamos monitorar o espaço aéreo e ter respostas rápidas para qualquer ameaça que surja.

Um dos comandantes, um veterano chamado Grell, levantou uma preocupação.

— E se não tivermos tropas suficientes para cobrir todos os planetas? Já estamos esticados até o limite aqui. Se enviarmos mais mechas para outros mundos, estaremos deixando esta cidade vulnerável.

Elian sabia que Grell tinha um ponto. Havia um equilíbrio delicado entre proteger a cidade recém-libertada e garantir a segurança dos outros planetas.

— Sei que estamos com os recursos limitados, mas não temos escolha — respondeu Elian. — Se os inimigos perceberem que estamos focando demais em um único ponto, vão atacar nossos mundos mais desprotegidos. Precisamos nos manter um passo à frente.

Depois de horas de planejamento, eles decidiram enviar pequenos esquadrões de mechas para patrulhar cada planeta. As patrulhas seriam rotativas, garantindo que sempre houvesse uma presença militar em cada um dos mundos. Além disso, colocariam sondas de vigilância no espaço, fornecendo alertas antecipados em caso de invasões.

No entanto, mesmo com as defesas reforçadas e as patrulhas organizadas, Elian não conseguia afastar a sensação de que algo maior estava por vir. Enquanto ele monitorava os reparos do Titã, uma transmissão urgente chegou ao centro de comando.

— Senhor, detectamos uma frota de mechas inimigos se aproximando! — A voz do operador estava cheia de pânico. — Eles estão em rota direta para um dos planetas aliados.

O coração de Elian afundou. Sabia que não poderiam estar em dois lugares ao mesmo tempo. Se enviassem mechas para defender o planeta, a cidade recém-protegida ficaria vulnerável.

— Qual é o tamanho da força inimiga? — perguntou Elian, já sabendo que a resposta não seria boa.

— Pelo menos uma dúzia de mechas de combate pesados. Eles devem chegar ao planeta em menos de seis horas.

— Droga… — Elian murmurou, seus olhos fixos no monitor.

Ele olhou ao redor para sua equipe. Kordan, Lira, Rhea e o restante dos pilotos estavam prontos para lutar, mas estavam exaustos. Suas máquinas precisavam de mais reparos, e a cidade ainda não estava completamente segura.

Elian respirou fundo, consciente de que qualquer decisão teria consequências sérias. Ele podia proteger a cidade ou enviar reforços para o planeta aliado. Ambos os cenários envolviam riscos. Se a cidade fosse atacada enquanto eles estavam fora, as defesas improvisadas poderiam não resistir. Mas, se não ajudassem o planeta, poderiam perder um território crucial para o reino.

— Precisamos dividir nossas forças — disse Elian finalmente, quebrando o silêncio tenso. — Eu levarei o Titã e metade dos mechas para defender o planeta. Kordan, você ficará aqui com o restante e garantirá que a cidade permaneça segura.

— Tem certeza disso, Elian? — Kordan perguntou, com preocupação nos olhos. — Não podemos perder você e o Titã.

— Não temos escolha — Elian respondeu firmemente. — Se perdermos o planeta, será um golpe irreparável para o reino. Confio que você pode segurar as defesas aqui até nosso retorno.

Elian sabia que a próxima batalha seria uma das mais difíceis que enfrentaria. Ele reuniu a equipe designada para ir com ele ao planeta aliado e começou a preparar o Titã para o combate. Com os reparos feitos às pressas, não seria a máquina de guerra perfeita, mas seria o suficiente.

Antes de partir, ele olhou uma última vez para a cidade, agora protegida por mechas patrulhando os céus e barreiras metálicas erguendo-se em torno das muralhas. Ele esperava que fosse o suficiente.

— Boa sorte, Kordan — disse Elian pelo comunicador, já a bordo do Titã. — Confio em você.

— Pode deixar, Elian. Vamos aguentar firme até sua volta — respondeu Kordan com determinação.

Com isso, Elian e sua equipe atravessaram o portal, suas máquinas reluzindo enquanto se dirigiam ao espaço. Eles sabiam que uma batalha feroz os aguardava, e que a segurança do reino dependia do sucesso de sua missão.

A viagem através do portal foi rápida, mas carregada de tensão. O Titã estava pronto, mas Elian sabia que enfrentariam uma força inimiga avassaladora do outro lado. O planeta aliado estava em risco, e eles precisavam agir rápido para evitar uma catástrofe.

Quando o portal se abriu no outro lado, eles avistaram o planeta. As luzes das cidades em sua superfície eram visíveis, mas, ao longe, a silhueta da frota inimiga se aproximava, implacável.

Elian apertou os controles do Titã, sua determinação renovada.

— Vamos salvar esse planeta — disse ele, sua voz firme. — E depois, garantiremos que nenhum outro caia nas mãos dos inimigos.

 

 

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