Titã: Capítulo: 50

 

 

 Após o fechamento do portal e a expulsão dos inimigos, a calmaria que se agitou foi tanto um quanto um lembrete da destruição que havia ocorrido. Os destroços dos mechas inimigos e aliados estavam espalhados pelo campo de batalha, alguns ainda soltando fumaça, enquanto outros completamente irrecuperáveis. Elian, dentro do Titã , olhou ao redor, sentindo o peso da batalha nas juntas metálicas de seu mecha e em seus próprios músculos.

Kiran , Lira, — ele chamou pelo comunicador, sua voz rouca pelo esforço e pela tensão. — Verifiquem o status dos demais. Precisamos reunir os sobreviventes e começar os reparos o mais rápido possível. Não podemos permitir que eles nos peguem de surpresa novamente.

Os aliados se moveram, com o barulho característico do metal se arrastando pelo solo. Titã estava relativamente inteiro, com alguns danos superficiais e feridos em sua armadura externa, mas alguns dos outros mechas aliados estavam em condições muito piores. Lira estava manobrando seu mecha com dificuldade, um dos braços mecânicos inutilizados, enquanto Kiran mancava, tentando evitar colocar muito peso em uma das pernas feridas de seu mecha.

Vamos precisar de tempo para isso tudo, Elian, — disse Kiran pelo comunicador, sua voz carregada de cansaço. — Os danos são mais graves do que parecem. Alguns desses mechas talvez nem possam voltar a lutar por um bom tempo.

Elian concordou dentro da cabine, apesar de saber que Kiran não podia vê-lo. Ele sabia que o tempo era algo que não tinha em abundância, mas eles não tinham outra escolha. Os mechas provavelmente estarão operacionais para a próxima investida, e se os inimigos decidirem abrir outro portal antes que eles estejam prontos, as consequências podem ser catastróficas.

O som das ferramentas ecoava pelo campo de batalha enquanto os mecânicos e engenheiros que evoluíram chegaram com a equipe começaram a trabalhar nos reparos. As peças eram trazidas às pressões de um depósito próximo, e os soldados exaustos ajudavam no que podiam, apesar do cansaço evidente nos rostos.

Elian saiu do Titã e desceu por um dos cabos de apoio que deslizou da parte superior do mecha até o chão. Seus pés tocaram o solo com um baque suave, e ele suspirou pesadamente, tirando o capacete e sentindo o ar fresco, misturado ao cheiro de óleo queimado e metal derretido. Ele caminhou em direção a Lira, que estava de pé ao lado de seu mecha, observando enquanto os engenheiros avaliavam os danos.

Como está o seu? — disse Elian, passando a mão pelos cabelos desgrenhados.

Já vi dias melhores, mas não foi o pior que já enfrentamos, — respondeu Lira, cruzando os braços e olhando para os destroços ao redor. — Mas vai levar um tempo para recuperar o braço. Estou sem armamento pesado até lá.

Você conseguiu segurar bem até agora. Vamos ter que improvisar, como sempre.

Lira soltou um leve sorriso, mas seu rosto estava marcado pelo cansaço. Era sempre assim, a luta parecia interminável, e não havia tempo para descansar antes que outro conflito surgisse. Mas isso faz parte da vida de um piloto de mecha.

Enquanto caminhava pelo campo, Elian observava cada mecha que passava. Alguns ficaram praticamente destruídos, outros danificados em partes cruciais. As equipes de manutenção fizeram o possível, mas sabiam que as peças de reposição não eram infinitas. Cada batalha drenava mais e mais recursos.

De volta à base temporária que havia previsto, Elian e sua equipe se reuniram em torno de um holograma da cidade que tinha acabado de defender. As imagens no holograma mostravam claramente os danos causados ​​pelos dragões e pelos inimigos mecânicos. Prédios inteiros foram destruídos, ruas esburacadas e escombros cobriram grande parte da cidade.

Temos que garantir que essa cidade se recupere antes da próxima invasão, — disse Elian, olhando para o holograma com seriedade. — Sabemos que os inimigos vão tentar novamente, e precisamos estar prontos.

E os dragões? — disse Kiran, sua voz séria. — Eles foram derrotados dessa vez, mas quem sabe quando outro grupo aparecerá? Eles continuam sendo uma ameaça constante.

Eliane concordou. A presença dos dragões tornou tudo ainda mais complicado. Não bastava lutar contra inimigos mecânicos, também tinha que se preocupar com os bestas colossais que devastavam tudo em seu caminho. Mas Elian sabia que se mantivessem a cidade segura e suas mechas operacionais, manteriam uma chance de resistir.

Primeiro, precisamos garantir que todos os mechas estejam em condições de lutar novamente, disse Elian. — Vamos concentrar todos os nossos esforços nos reparos. E enquanto isso, vamos treinar os pilotos para serem mais eficientes na luta contra inimigos mecânicos. Temos que melhorar nossa estratégia e adaptação no campo de batalha.

Os dias que se seguiram foram de trabalho árduo e incessante. Os engenheiros fizeram o que puderam para reparar os mechas, mas os danos eram extensos, e muitos componentes foram fabricados principalmente na hora ou remendados de formas improvisadas. Elian passava a maior parte de seu tempo supervisionando os reparos, mas ele sabia que seu papel não era apenas garantir que seus mechas estivessem funcionando.

Ele também cuidava da moral de seus pilotos e soldados. A batalha foi desgastante, e muitos estavam exaustos, físicos e mentalmente. Elian fazia questão de conversar com cada um deles, oferecendo palavras de encorajamento, e ouvindo suas preocupações. Era um líder não apenas no campo de batalha, mas também fora dele.

Não sei por quanto tempo mais podemos continuar lutando assim, Elian, confessou Lira certa noite, enquanto os dois observavam os engenheiros trabalhando nos mechas à distância. — Parece que, a cada batalha, perdemos mais do que podemos recuperar.

Eu sei, Lira, respondeu Elian, sua voz sombria. — Mas se desistirmos agora, não teremos mais nada pelo que lutamos. Esses inimigos não vão parar até que tudo o que seja destruído. Precisamos continuar, não por nós, mas pelas pessoas que estamos tentando proteger.

Lira assentiu em silêncio, e os dois ficaram ali, observando os preparativos enquanto a noite se aproximava.

Enquanto os reparos continuavam, Elian não podia deixar de pensar nas próximas etapas. Sabia que os inimigos estavam observando, esperando uma oportunidade perfeita para atacar novamente. E com os portais, poderia chegar a qualquer momento, sem aviso.

Mas havia algo mais que incomodava Elian. Os mechas inimigos ficaram mais fortes e mais organizados. Não foi apenas uma força brutal jogada ao acaso. Havia um padrão nos ataques, uma estratégia por trás de cada invasão. Elian se perguntou quem ou o que estava por trás disso. Quem controlava os portais? Qual era o verdadeiro objetivo desses inimigos?

O tempo passou lentamente após a última batalha. A cidade que Elian e seus aliados protegeram finalmente começou a se reerguer, os escombros sendo removidos, as ruas reformadas, e a população, embora ainda traumatizada, voltava às suas rotinas diárias. As feridas da guerra estavam longe de serem completamente curadas, mas havia esperança entre os sobreviventes. O trabalho de reparo nos mechas também resultou em sucesso, com muitos dos equipamentos que estavam gravemente danificados retornando à ação.

Para Elian, no entanto, a ausência de ataques era inquietante. A calmaria que se instalou após semanas de conflitos intensos não parecia natural. Ele sabia que os inimigos, tanto dragões quanto mechas, nunca desistiram tão facilmente. Elian, com o Titã sempre ao seu lado, sentiu que algo estava errado.

Ele passou os dias treinando com seus soldados e revendo estratégias. Titã estava totalmente reparado e pronto para outra batalha, e os outros mechas aliados, embora não tão poderosos quanto o dele, também estavam em boas condições. As simulações de combate eram diárias. Os pilotos mais novos aprenderam a cada treino como lidar com o enorme desafio de enfrentar inimigos mecânicos. Os mais experientes já conheciam o peso da responsabilidade que carregavam.

O silêncio é o pior tipo de guerra, — murmurou Lira, ao lado de Elian, enquanto ambos observavam os pilotos treinando em uma arena improvisada. — Faz parecer que estamos à espera de algo terrível.

Elian assentiu, seus olhos fixos nos movimentos dos mechas mais jovens.

Eles estão se preparando para algo grande, Lira. E nós precisamos estar prontos para o que vier.

Durante esse período de aparente paz, Elian intensificou os treinamentos. Ele sabia que a chave para vencer a próxima batalha, fosse contra os dragões ou contra os mechas inimigos, estava na preparação.

Os treinamentos diários envolvem exercícios simulados em combate aéreo e terrestre. Elian, com o Titã , muitas vezes liderou os exercícios, demonstrando como aproveitar o terreno e usar a força bruta contra os oponentes. Ele treinou sua equipe para lutar em diversas situações: emboscadas, ataques surpresa e batalhas prolongadas. As táticas se concentraram em garantir que, mesmo em defesa numérica, os aliados conseguissem superar os inimigos por meio de movimentos coordenados e ataques estratégicos.

Certa vez, durante um desses treinamentos, Lira se mudou de Elian com um sorriso no rosto.

Você está começando a subir como um general de guerra de verdade, Elian, — disse ela, tentando aliviar o clima pesado.

Talvez seja o que precisamos ser, — respondeu Elian, sem se deixar distrair pelo tom mais leve. — Se não nos tornarmos estrategistas e mestres da batalha, seremos esmagados pela próxima onda de inimigos.

Lira ficou em silêncio por um momento, observando os mecanismos de manobra contra os obstáculos criados na arena de treinamento. Sabia que Elian estava certo. A paz era uma ilusão frágil, algo que poderia ser destruída a qualquer momento.

As semanas passaram sem qualquer sinal de dragões ou mechas inimigos. O reino que Elian protegia seus espiões em diversos lugares, sempre atento ao menor sinal de ameaça, mas os relatórios que chegavam indicavam que tudo estava calmo nos três mundos que compunham o reino.

O silêncio era quase surdecedor. O reino começava a se questionar se a guerra havia, de fato, encerrada. Algumas facções mais otimistas dentro do conselho real acreditavam que os inimigos haviam sido derrotados e que os ataques tinham cessado para sempre. Outros, mais céticos, como Elian e seus aliados, mantinham-se em estado de alerta constante.

Um dia, enquanto Elian estava no hangar, verificando pessoalmente os sistemas do Titã , um mensageiro do conselho chegou apressado, carregando um relatório.

Comandante Elian, — disse o mensageiro, com uma voz ofegante. — Há relatos de atividades incomuns perto da fronteira do terceiro mundo. Patrulhas locais observaram dragões flutuando em formação, mas eles não atacaram. Apenas... observei.

Elian franziu a testa ao ouvir isso. Dragões raramente voavam em formação; eram criaturas brutais e instintivas, guiadas pela fome e pela fúria. O fato de que estávamos se movendo de maneira organizada era um sinal alarmante.

Eles estão investigando nossos movimentos, — disse Lira, que estava ao lado de Elian quando recebeu a notícia. — Esperando pelo momento certo para atacar.

Eliane concordou. Sabia que Lira estava certa. Algo maior estava por vir.

Organize uma patrulha para o local, — tentativa Elian. — Vamos precisar de olhos atentos nas fronteiras. Quero saber o que está acontecendo antes que seja tarde demais.

Nos dias que se seguiram, as patrulhas trouxeram mais informações preocupantes. Os dragões estavam aparecendo com mais frequência nas proximidades do reino, mas sempre à distância. Além disso, havia relatos de movimentações estranhas nos portais que conectavam os mundos. O exército inimigo dos mechas não estava mais tão presente como antes, mas Elian tinha a impressão de que eles estavam apenas esperando o momento certo para atacar.

As notícias transmitidas-se pelo reino, e a tensão aumentou. As pessoas começaram a sentir que algo terrível estava por vir, e os olhares de esperança que outrara se viam nas ruas deram lugar ao medo e à apreensão.

Uma noite, enquanto Elian revisava mais um relatório no centro de comando, Kiran entrou apressado, com sua expressão sombria.

Temos um problema, Elian. Os sensores captaram um aumento de atividade em um dos portais principais. Parece que algo grande está vindo.

Elian se chamou imediatamente, seu coração batendo mais rápido. Sabia que esse momento chegaria, mas isso não diminuía o peso que sentia em seu peito.

Preparem os mechas, — tente Elian, sua voz firme e cheia de determinação. — Quero todos prontos. Se os inimigos estão vindo, vamos recebê-los com tudo o que temos.

Enquanto os soldados e pilotos se apressavam para preparar os mechas para o combate, o céu começou a mudar. As nuvens densas que pairavam sobre o horizonte se abriam, revelando um brilho intenso que se aproximava cada vez mais. O portal estava ativo novamente.

Elian, já dentro do Titã , observava pelo visor enquanto a luz do portal brilhava intensamente. Seu coração batia forte, mas sua mente estava focada na batalha iminente.

Quando o portal finalmente se abriu completamente, não foram dragões que saíram de suas profundezas, mas algo muito pior. Um novo exército de inimigos mecânicos surgiu, maior e mais imponente do que antes. As cores de suas armaduras brilhavam em tons escuros, e suas armas cintilavam com uma energia ameaçadora.

Eles estão de volta, e parecem mais fortes do que nunca, — disse Kiran pelo comunicador, sua voz cheia de tensão.

Então teremos que ser ainda mais fortes, — respondeu Elian, seus olhos fixos nos inimigos que avançavam pelo portal.

O som de metal se chocando com o solo ecoou à medida que os mechas inimigos se espalhavam pelo campo de batalha. Elian abriu os controles de Titã e se preparou para liderar a carga contra essa nova ameaça.

 

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