Titã: Capítulo: 51

 

 

 Elian estava no cockpit do Titã , seus olhos fixos na linha do horizonte. A batalha parecia iminente, mas algo inesperado aconteceu. Entre os exércitos inimigos, apareceu um dragão gigante, suas asas poderosas rasgando o céu enquanto ele pousava com uma força tremenda no solo. Mas o que chamou ainda mais atenção foi o fato de que havia um cavaleiro montado no dragão. Ao se aproximar mais, Elian percebe que o cavaleiro não era um humano comum. Suas feições, ainda que humanoides, tinham traços reptilianos, e seus olhos brilhavam com uma intensidade sobrenatural.

Draconiano, — murmurou Elian para si mesmo, enquanto seus sensores escaneavam uma criatura. O cavaleiro desmontou do dragão com elegante e, com um simples gesto de sua mão escamosa, planejado para que os mechas inimigos ao redor cessassem seu avanço. O silêncio tomou conta do campo de batalha.

Elian olhou ao redor, confuso, mas manteve a guarda alta. Esse tipo de pausa nas hostilidades era sempre um prelúdio para algo maior. No visor do Titã , ele viu o draconiano caminhar em sua direção com confiança, sua armadura refletindo as luzes da cidade parcialmente ocultas e da poeira que ainda pairava no ar. O dragão encontra-se ao fundo, suas garras enterradas no solo, mas seus olhos acompanham cada movimento de Elian e do exército aliado.

A voz de Lira soou no comunicador:

Elian, o que você está comemorando? Ele parece querer falar...

Elian não respondeu de imediato. Ele sabia que deveria ser cauteloso. O dragoniano se mudou o suficiente para que Elian pudesse vê-lo com clareza. Sua presença era imponente. A armadura negra que usava era intricadamente decorada com símbolos que Elian não reconhecia, mas que claramente indicava seu alto posto entre os inimigos.

O dragoniano clamou a mão em um gesto de paz, sua voz grave ecoando pelo campo de batalha.

Eu sou Alzarok, emissário do Conselho Dracônico. Vim em nome dos meus superiores com uma proposta.

Elian hesitou por um momento, mas então abriu o canal de comunicação.

Fale, Alzarok. Mas saiba que estamos preparados para lutar até o fim se necessário.

Alzarok deu um sorriso frio, seus dentes afiados à mostra.

Eu não vim aqui para derramar sangue desnecessariamente, piloto. Pelo menos, não agora. — Ele deu uma olhada no exército de mechas atrás de Elian, avaliando suas forças antes de continuar. — O Conselho Dracônico me inveja para oferecer uma oportunidade. Rendam-se, e pouparemos sua cidade. Seus soldados viverão, e você será integrado ao nosso império. Recuse, e este mundo será destruído, assim como tantos outros que vieram antes de vocês.

Elian sentiu uma onda de raiva ao ouvir as palavras de Alzarok, mas conteve-se. Ele sabia que não poderia tomar decisões precipitadas. Lira, do outro lado da comunicação, estava ouvindo atentamente, e sua voz suave soou no ouvido de Elian novamente.

Ele está blefando. Não podemos confiar em nenhum acordo com os draconianos. Eles destruíram planetas inteiros e escravizaram povos inteiros.

Elian sabia que Lira estava certa, mas eu precisava manter a calma. Voltou sua atenção para Alzarok.

E se nos rendermos, qual será o destino da nossa gente? — disse Elian, embora já quis saber a resposta.

Alzarok deu de ombros, como se a resposta fosse óbvia.

Vocês serão governados, assim como todos os outros que se curvaram ao nosso poder. Alguns de vocês serão treinados para servir em nosso exército, outros serão reeducados. E, claro, aqueles que são considerados necessários... bem, o dragão não se importa muito com as sobras.

Uma ameaça velada fez o sangue de Elian ferver. Ele abriu os controles de Titã , mas manteve a voz firme.

Nós não nos curvaremos. Lutaremos até o fim.

Alzarok suspirou, como se esperasse essa resposta.

Uma pena, realmente. Eu ofereço uma escolha mais fácil. Agora, só resta a guerra.

Ele deu um passo para trás e assobiou em um som gutural que ecoou no ar. O dragão ao longo da cabeça e rugiu, suas asas se abrindo enquanto seus olhos brilhavam com fúria. Ao mesmo tempo, os mechas inimigos que fizeram parado retomaram suas posições, avançando lentamente para cercar Elian e seus aliados.

Sem esperar mais, Elian acionou os propulsores de Titã . O enorme mecha anunciou voo, suas pernas impulsionando-se para frente enquanto ele sacava a espada de energia que carregava em suas costas. A brilhou com uma intensidade azulada, e Elian mirou diretamente em Alzarok.

Lira, todos em posição de defesa! Vamos acabar com isso agora!

O campo de batalha explodiu em ação. O dragão cuspiu fogo em direção aos mechas aliados, suas chamas se espalhando como uma onda de destruição. Mechas mais leves tentaram esquivar-se, mas alguns não conseguiram ser rápidos o suficiente, sendo engolidos pelas chamas e virando apenas sucata fumegante.

Elian se lançou na direção a Alzarok, mas o draconiano era extremamente ágil. Desviando do ataque inicial, ele sacou uma espada que parecia feita de pura energia, e as lâminas de ambos colidiram com uma explosão de faíscas. O impacto foi brutal, forçando Titã a recuperar alguns passos.

Você é bom, piloto, mas não bom o suficiente para vencer a mim e ao meu dragão!

Alzarok saltou para trás e, em um movimento fluido, montou novamente no dragão. A fera alçou voo com um poderoso bater de asas, elevando-se acima do campo de batalha. Lá, Alzarok tentou um novo ataque. O dragão cuspiu uma torrente de chamas que varreu o campo, forçando Elian e seus aliados a se defenderem como pudessem.

Elian ativou os escudos de Titã , bloqueando a maior parte das chamas, mas sentiu o calor avassalador através das camadas de proteção. Ele sabia que acabaria com o dragão rapidamente, ou suas chances de vitória diminuiriam drasticamente.

Lira, cubra minha retaguarda! Vou atacar o dragão diretamente!

Lira, ao longe, coordenou os outros mechas enquanto tentava abrir caminho para que Elian pudesse ter uma linha de ataque clara contra o dragão. Os soldados de Elian lutaram com todas as suas forças contra os inimigos mecânicos que cercavam o campo de batalha, mas o foco de Elian estava em Alzarok e na criatura alada.

Elian abriu os controles, acelerando Titã para o alto. Ele sabia que essa batalha seria decidida no ar. O dragão rugiu ao perceber a aproximação, e Alzarok apresentou-se para o confronto final.

O céu acima da cidade virou palco de um confronto épico. Elian, no controle de Titã , voava diretamente na direção ao dragão, sua espada de energia pronta para o golpe. O dragão, obedecendo às ordens de Alzarok, mergulhou de volta, desferindo ataques aéreos com sua cauda e garras.

O som metálico dos motores do Titã ecoava suavemente pelo ar, enquanto Elian aguardava pacientemente. Estavam em uma barra deserta, onde a grama alta dançava ao sabor do vento, e a tensão no ar era quase palpável. O céu, tingido por toneladas de laranja e púrpura devido ao sol poente, tornava a cena ainda mais solene e dramática. À sua volta, mechas aliados estavam em formação de combate, prontos para qualquer eventualidade. Mais à frente, cercado por um exército de mechas prontos para agir, o draconiano Alzarok estava parado, seu semblante frio e calculista, aguardando o encontro com o rei.

Elian mantinha seus sensores atentos. Ele sabia que qualquer movimento súbito poderia transformar aquele encontro em uma batalha sangrenta. Por isso, embora estivesse preparado, ele também sabia que a diplomacia era essencial neste momento.

Ao longe, uma comitiva apareceu. Carregando a bandeira do reino, o rei Aldren chegava montado em seu próprio mecha, uma majestosa máquina dourada conhecida como Aurelius , o símbolo máximo de sua autoridade e poder. Ao lado de Aldren, alguns de seus conselheiros e oficiais mais confiáveis ​​o acompanhavam, também em seus próprios mechas, mas mantendo-se discretamente na retaguarda.

A situação está tensa, Elian. — A voz de Lira ecoou no comunicador. — Cuidado com qualquer armadilha. Esses dragonianos são traiçoeiros.

Entendido. — respondeu Elian, sua mão firmemente posicionada nos controles do Titã . Ele sabia que Alzarok não tinha se rendido à diplomacia por boa vontade. Havia um motivo oculto para aquele encontro, e ele estava determinado a descobrir o que era.

O rei Aldren parou Aurelius alguns metros à frente de Elian e desceu de seu mecha com uma graça surpreendente para alguém de sua idade. A armadura cerimonial que usava brilhava intensamente à luz do sol poente, e sua postura orgulhosa lembrava a todos o porquê de ele ser o rei. Mesmo em um momento de tensão como aquele, Aldren exalava confiança e autoridade.

Alzarok, por outro lado, confortável imóvel. Suas asas escamosas estavam dobradas às costas, e seus olhos reptilianos seguiam cada movimento do rei com um olhar predatório. Ele não se moveu até que o rei estivesse à frente, e então, com uma reverência mínima e quase zombeteira, ele falou:

-Rei Aldren. Finalmente, você veio. — A voz de Alzarok era fria, sem traço de emoção. — Esperava que não fosse tão a ponto de ignorar minha oferta.

O rei não brilhou, seu olhar fixo no draconiano.

Eu vim ouvir o que você tem a dizer, Alzarok. Mas saiba que meu reino não se curva a ameaças. Se isso for uma armadilha, será a última que você tentará.

Alzarok riu suavemente, como se a ameaça do rei fosse algo insignificante.

Armadilhas, meu caro rei? Não. Isso aqui é uma negociação, uma chance de restaurar a ordem e evitar mais derramamento de sangue. Os dragões querem apenas o que é deles por direito. Esta terra, estas montanhas, estes céus... pertencem a eles. Você os exilau, forçou-os a viver em terras distantes e hostis. Estou aqui para exigir que você devolva o que pertence aos dragões. Que eles voltem a voar livremente por suas terras.

Aldren abriu os punhos ao lado do corpo, mas manteve a voz controlada.

Essas terras foram salvas pelos sacrifícios de muitos, e os dragões, se ainda estivessem aqui, destruiriam tudo novamente. Eu não permitirei que retornem para transformar nossos reinos em cinzas.

Alzarok inclinou a cabeça, seus olhos fixos no rei.

Você fala como um tolo que não entende o poder que está enfrentando. Se resistir, seu povo pagará o preço. Os dragões não são inimigos que você pode subjugar facilmente. Mas se nos rendermos à força das armas, os céus serão novamente deles. E o sangue que será derramado será o seu.

O silêncio que se abalou foi carregado de tensão. Os soldados Elian estavam em posição, seus mechas prontos para a ação, mas Elian sabia que qualquer movimento agora poderia desencadear um confronto destrutivo.

Você não entende o que está pedindo, Alzarok, — o rei finalmente respondeu, sua voz firme. — Os dragões foram banidos por uma razão. Eles não trazem paz ou prosperidade. Trazer essas criaturas de volta seguirão a sentença de morte do meu reino, e isso eu jamais permitirei.

A expressão de Alzarok resistiu.

Então você escolheu o caminho da destruição.

Num movimento ágil, ele levou a mão à espada na cintura e o sacou com um brilho rápido. O rei reagiu de imediato, ativando seu mecha Aurelius , que emitiu um brilho dourado. Elian imediatamente entrou em alerta, seu mecha Titã já preparado para a batalha. Os mechas aliados ao redor começaram a se mover, cercando o rei e prontos para atacar a qualquer sinal de hostilidade.

Por um momento, o campo ficou em silêncio, o som dos motores e o vento sendo as únicas coisas audíveis.

Não se engane, Elian, — Alzarok disse, agora encarando diretamente o piloto. — Você pode ter vencido batalhas antes, mas a guerra com os dragões está apenas começando. E nós não descansamos até que as terras de vocês estejam novamente sob nosso controle.

Com um movimento ágil, Alzarok saltou para o dragão, que rugiu e abriu suas asas imponentes. Elian observou uma criatura com atenção. Sabia que o combate aéreo contra um dragão seria um desafio, mesmo com o poder de Titã .

Protejam-me o rei! — Elian falou, ao ver o dragão subir nos céus, pronto para atacar.

Os mechas ao redor assumiram formações defensivas, suas armas focadas no draconiano e seu dragão. Elian ativou os propulsores de Titã e se preparou para enfrentar o perigo iminente. Mesmo sem uma batalha imediata, sabia que o retorno dos dragões não seria evitado sem luta. Alzarok estava decidido a ver seu povo voltar a dominar aqueles céus, e Elian precisava estar à altura desse desafio.

Uma batalha que se aproximava seria como nenhuma outra. E desta vez, os dragões e os mechas não lutaram apenas pela vitória... lutaram pelo futuro do reino.

O vento sibilava, aumentando a tensão, e, mesmo no meio de um exército, Elian sentia-se como se estivesse prestes a enfrentar o destino sozinho. O rei, no interior do Aurélio , manteve sua postura e dignidade, enquanto o dragão circulava sobre o campo, seus olhos predatórios sempre observando.

Elian sabia que essa era apenas a calmaria antes da tempestade. Alzarok não veio até ali para um simples encontro diplomático. Os dragões eram criaturas de orgulho e poder. Haveria sangue, e as terras que o rei protegia com tanto fervor estariam à beira da ruína.

Todos os pilotos, estão prontos. — A voz de Elian soou no canal de comunicação. — A batalha ainda não acabou. Preparem-se.

 

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