Titã: Capítulo: 61

 

 

 A poeira da batalha finalmente começou a assentar, revelando um campo de destroços e corpos espalhados pelo terreno devastado. O sol, ainda encoberto por nuvens escuras, lançava uma luz tênue sobre o cenário. Os poucos sobreviventes de ambos os lados estavam esgotados, muitos ainda tentando processar o caos que tinham acabado de vivenciar.

Elian, ainda dentro de seu mecha Titã , observava tudo ao seu redor. A viseira de seu cockpit mostrava leituras de danos por toda a estrutura de sua máquina. Algumas placas de metal foram destruídas, e o sistema de energia estava à beira de um colapso. Ele sentiu a exaustão em cada fibra do seu corpo, mas sabia que ainda não podia relaxar. A guerra contra Rei Aldren estava longe de acabar.

Enquanto ele refletia sobre o que acabaria de acontecer, viu um movimento no horizonte. O dragão dragoniano que havia surgido do portal estava se aproximando, suas asas metálicas brilhando à luz trêmula. Sobre suas costas, montado com destreza e imponência, estava o líder dos dragonianos, Draganoth, cujos escamas reluziam como um manto de prata antiga. Ele era imenso e imponente, mas seu olhar não mostrava hostilidade — era algo mais profundo, talvez uma mistura de curiosidade e respeito.

Elian manteve Titã de pé, observando enquanto o dragão pousava suavemente no chão a uma curta distância. Os poucos soldados que ainda restavam de sua própria facção mantinham-se cautelosos, apontando suas armas para o grande dragão, mas Elian estendeu a mão, ordenando que abaixassem as armas. “Sem disparos”, ele disse pelo comunicador, sua voz firme, porém cansada. "Eles não são mais nossos inimigos."

Draganoth desmontou de seu dragão com agilidade impressionante, suas pesadas botas metálicas causando pequenos impactos no solo. Ele se mudou de Elian, seus olhos dourados brilhando com um entendimento que transcendia palavras. O silêncio entre eles era palpável, pois ambos sabiam que algo monumental estava prestes a ser dito.

Elian abriu a cabine de Titã e desceu, pisando no solo ainda marcado pela batalha. Enquanto caminhava em direção a Draganoth, ele sentia o peso de cada decisão que tomava até aquele momento. Para aquela guerra, buscar uma paz verdadeira — era isso que o guiara até ali. E agora, diante do líder draconiano, ele precisava saber se isso ainda era possível.

Quando eles ficaram frente a frente, a tensão parecia palpável. O silêncio se prolongou por alguns momentos até que Draganoth falou com sua voz grave e rouca, que reverberava no ar como um trovão distante.

“Elian,” ele começou, mantendo seu olhar firme. "Ouvi rumores sobre o que você busca... sobre a paz que deseja entre nossas espécies."

Elian o encarou com intensidade, mas manteve sua postura calma. “Sim”, ele respondeu, sem desviar o olhar. "Essa guerra já tirou muito de todos nós. Acredito que há uma maneira de encontrar a paz, mesmo depois de tudo. Eu não quero mais mortes, nem para seu povo, nem para o meu."

Draganoth deu um passo adiante, as escamas de seu rosto brilhando à luz pálida do sol. Ele analisou as palavras de Elian por alguns momentos, como se estivesse pesando cada uma delas. Então, finalmente, ele concordou lentamente.

"Foi por isso que decidimos ajudar você hoje", disse Draganoth, sua voz grave como um trovão distante. "Sabíamos que você não queria continuar essa guerra, que estava disposto a sacrificar tudo pela paz. E por isso escolhemos lutar ao seu lado."

Uma surpresa percorreu o rosto de Elian. Ele sabia que sua mensagem de paz estava se espalhando, mas não imaginava que tivesse chegado tão longe — e certamente não entre os draconianos. Aquelas criaturas, outras consideradas implacáveis ​​e vingativas, estavam agora oferecendo sua mão para o fim do conflito.

"Então foi por isso que você apareceu?" Elian gritou, genuinamente intrigado. "Para acabar com essa guerra?"

Draganoth fez um leve aceno com a cabeça, seu olhar ainda penetrante. “Sim,” ele confirmou. "Sabíamos que Aldren não pararia até ver você morto, e nós avisamos que continuamos lutando ao lado dele seria inútil. Ele é um rei tirano, que só busca poder e destruição. Mas você, Elian... você é diferente."

Elian sentiu um misto de conflito e incerteza. A guerra poderia realmente acabar? Ou essa seria apenas uma trégua temporária, antes que outra tempestade surgisse no horizonte?

"Eu aceitei a sua ajuda", disse Elian, quebrando o silêncio. "Mas essa guerra ainda está longe de acabar. Aldren não desistirá facilmente. Precisamos unir mais forças se quisermos pôr fim a isso de uma vez por todas."

Draganoth deu um passo à frente, estendendo sua mão escamosa e imponente na direção a Elian. "Então faremos isso juntos", ele disse, sua voz grave ressoando com autoridade. "Por agora, a guerra entre nós e os humanos acaba. Estamos em trégua."

Elian olhou para a mão contínua de Draganoth, vendo ali não apenas um gesto de trégua, mas a possibilidade de um futuro diferente, onde dragões e humanos podem coexistir. Ele respirou fundo, estendeu sua própria mão e apertou a de Draganoth com firmeza.

O gesto parecia simples, mas continha o peso de eras de conflito, mortes e desconfiança. Ali, naquele campo de batalha, onde tantas vidas foram perdidas, os dois líderes firmaram um pacto — ainda frágil, mas real.

Os soldados dragonianos que restavam observavam com atenção, e os poucos soldados humanos que sobreviveram olhavam, incrédulos. Aquela cena era o símbolo de algo que poucos pensaram ser possível.

“Isso é um começo”, disse Elian, quebrando o aperto de mãos, mas mantendo o olhar firme em Draganoth. "Mas não vai ser fácil. Aldren ainda tem muitos planetas sob seu domínio, e ele fará de tudo para esmagar qualquer resistência."

Draganoth sorriu, um sorriso largo e ameaçador, mas não para Elian — ele sabia que o sorriso estava reservado para o inimigo comum.

"Que ele tente," disse o draconiano, sua voz retumbante. "Nós somos mais fortes quando estamos unidos, e o tempo de Aldren está chegando ao fim."

Elian assentiu, sentindo uma mistura de esperança e incerteza. Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, e a aliança com os draconianos era algo que muitos ainda veriam com desconfiança. Mas, por agora, tinha uma chance. Uma chance de acabar com a tirania de Aldren e trazer um novo equilíbrio para o universo.

Com a batalha encerrada e as forças de Aldren dispersas, Elian retornou ao seu mecha Titã . Enquanto os reparos começavam e a poeira finalmente começava a assentar, ele sabia que os desafios ainda maiores estavam por vir.

O ar dentro da tenda improvisada era pesado. Mapas holográficos flutuavam no centro da sala, projetando representações construídas dos planetas sob o domínio de Aldren. Elian estava ao lado de Draganoth, o dragoniano, enquanto estudava com atenção os movimentos das forças de Aldren. O brilho dos hologramas dançava sobre seus rostos, iluminando as expressões tensas e determinadas de ambos.

Os dois líderes sabiam que o momento da ação estava se aproximando. A cada segundo que passava, Aldren consolidava seu poder, reunindo mais tropas e aumentando sua influência sobre os sistemas planetários. O tirano não aceitou a ideia de ser desafiado, especialmente por alguém como Elian, que, apesar de ter servido ao reino com lealdade por tantos anos, agora se tornaria um símbolo de traição.

Draganoth, com presença sua imponente e os olhos dourados penetrantes, que perdoa sempre avaliar todas as possibilidades, corta o silêncio.

“Se formos atacar as forças de Aldren diretamente, precisamos ser estratégicos”, disse ele, sua voz grave reverberando na sala. "Ele tem tropas em todos os planetas-chave. Um ataque frontal nos destruiria rapidamente."

Elian concordou, sabendo que um confronto direto com Aldren seria suicídio. "Concordo. Ele tem uma vantagem numérica específica. Mas se pudermos desestabilizar seus pontos fracos, podemos atrair suas forças para locais estratégicos e cortar sua capacidade de reagir rapidamente."

O holograma mudou, mostrando as principais rotas de suprimentos que ligavam os planetas dominados por Aldren. Pequenos marcadores luminosos indicavam as frotas que viajavam entre os sistemas, transportando recursos, soldados e armamentos.

“Essas rotas de fornecimento são a chave”, continuou Elian. "Sem elas, Aldren não conseguirá sustentar seu exército por muito tempo. Se conseguirmos interrompê-las, podemos forçar suas tropas a se espalharem, tornando-as vulneráveis."

Draganoth cruzou os braços, suas escamas metálicas refletindo a luz dos hologramas. "Podemos atacar essas rotas, mas precisaremos de precisão. Os mechas deverão ser rápidos e discretos. Um movimento em falso, e Aldren retaliará com toda sua força."

Elian sabia que os mechas de sua facção, especialmente Titã , eram poderosas máquinas de combate, mas também tinham suas limitações. Titã era formidável em batalha, mas grande e pesado, o que dificultava movimentos furtivos. Seria necessário pensar além do seu próprio mecha.

“Podemos usar grupos menores de ataque”, sugeriu Elian, olhando para os pontos no holograma que indicavam as rotas de abastecimento. "Eu liderei a força principal com Titã, para desviar a atenção. Enquanto isso, outros grupos atacarão pontos críticos, cortando os suprimentos sem que Aldren perceba o que está apostando."

O draconiano franziu o cenho, ponderando sobre uma proposta. "Acredito que meus guerreiros puderam liderar esses ataques furtivos. Nossos dragões são rápidos, especialmente aqueles com partes mecanizadas. Podemos surpreender os soldados de Aldren, atacar e desaparecer antes que eles consigam reagir."

Elian sentiu uma onda de esperança ao ouvir isso. A combinação dos mechas com a mobilidade dos dragões dragonianos oferece uma vantagem tática importante. Ele olhou para Draganoth, vendo nele não apenas um aliado, mas um parceiro com quem poderia arquitetar um plano eficiente.

“Essa será a primeira fase”, disse Elian, marcando os pontos estratégicos no holograma. "Depois que cortarmos os suprimentos, Aldren será chamado a mover suas forças. Precisaremos estar prontos para atacá-lo quando ele estiver mais vulnerável."

Os olhos de Draganoth brilharam em aprovação. "E quando o ataque principal acontecer, Aldren não terá para onde fugir."

"Exatamente," Elian. "Mas precisamos ser cuidadosos. Aldren tem aliados poderosos, e ele pode recorrer a táticas que ainda não vimos. Ele é imprevisível e perigoso."

Enquanto a conversa continuava, os conselheiros de ambos os lados — humanos e draconianos — se aproximaram para discutir os detalhes das operações. Cada soldado e cada recurso seriam cruciais para o sucesso do plano. Havia pouco espaço para erro, e todos sabiam disso.

Com o passar das horas, o plano foi se solidificando. As forças foram divididas em três grupos principais: Elian liderou o primeiro, com Titã e alguns dos mechas restantes, criando distrações e engajando as tropas de Aldren. Draganoth e seus dragonianos, com sua mobilidade superior, atacariam as rotas de suprimentos, desmantelando os pontos essenciais que mantinham o exército de Aldren em funcionamento. O terceiro grupo, composto por uma coalizão de aliados humanos e draconianos, ficaria responsável por ataques a pequenas bases de apoio de Aldren, minando a força de combate dele de maneira indireta.

Finalmente, após muitas horas de planejamento, Elian e Draganoth estavam prontos para partir.

Antes de sair da tenda, Elian olhou para Draganoth, uma última dúvida ainda pairando sobre sua mente.

"Aldren já foi meu rei", ele disse em um tom mais baixo, pensativo. "Parte de mim ainda se questiona se essa é a única solução. Mas a cada ação dele, vejo menos esperança para outro caminho."

Draganoth pousou uma mão pesada sobre o ombro de Elian, mas de maneira surpreendentemente gentil. "Às vezes, a única maneira de alcançar a paz é através da guerra. Aldren escolheu esse caminho. Agora é nossa responsabilidade impedi-lo antes de destruir tudo o que resta."

Elian assentiu, absorvendo aquelas palavras. Ele sabia que havia verdade nelas, mas isso não tornava a escolha menos dolorosa.

Os dias seguintes foram marcados por intensas atividades. Elian liderava seu grupo de mechas enquanto testavam e ajustavam suas estratégias. Titã passando por reparos e upgrades, para garantir que estivesse em plena capacidade para a próxima fase. Os dragões dragonianos também estavam sendo preparados, com suas partes mecânicas sendo reforçadas para resistir aos ataques rápidos que precisariam realizar.

Enquanto isso, os espiões de Elian e Draganoth mantinham vigilância sobre as forças de Aldren, coletando informações sobre os movimentos do tirano. Era evidente que ele estava aumentando sua presença em planetas cruciais, como se pressentisse a tempestade que estava por vir. Mas ainda assim, Aldren parecia despreparado para a aliança ameaçada entre Elian e os draconianos.

Na noite anterior ao primeiro ataque às rotas de abastecimento, Elian se encontrou com Draganoth para uma última revisão do plano. Os dois estavam diante de um mapa tridimensional de um dos planetas sob o domínio de Aldren.

“A primeira rota é aqui”, disse Elian, apontando para o holograma. "Se conseguirmos cortar esse fornecimento, a base de Aldren no sistema Lirian ficará isolado. Isso nos dará uma vantagem significativa para a fase dois."

Draganoth comentou o mapa, refletindo. "Minha equipe está pronta. Atacaremos rápido e sem aviso."

Elian olhou para seu aliado dragoniano, vendo nele uma força inabalável e uma determinação que se espelhava em sua própria. Eles estavam prestes a iniciar uma nova fase da guerra, uma que, se bem-sucedida, poderia mudar o curso do conflito de maneira irreversível.

“Amanhã”, disse Elian, com voz firme. "Damos o primeiro passo para derrubar Aldren."

Os dois líderes olharam em silêncio por alguns momentos. Eles sabiam que o que viria a seguir seria decisivo. Não havia mais volta.

Com um último aceno de cabeça, Elian se virou e saiu da tenda, deixando Draganoth com seus próprios pensamentos. Ele caminhou até onde Titã estava estacionado, uma imensa estrutura metálica do mecha brilhando sob a luz da lua distante.

Dentro da cabine do Titã , Elian foi permitido um momento de quietude. Ele sabia que o futuro era incerto e que muitos ainda morreriam antes que a paz fosse alcançada. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu que havia uma verdadeira chance de mudar o destino daquele conflito.

 

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