Prisão 666: Capítulo: 05

 


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 A Doutora Rita estava em seu pequeno escritório na ala médica da prisão, cercada por pilhas de papéis, relatórios e amostras coletadas do corpo do homem que havia morrido na cela ao lado de Lucas. As duas perfurações no pescoço da vítima continuavam a intrigá-la. Ela havia examinado o corpo minuciosamente, mas não conseguia encontrar uma explicação plausível para aquelas marcas. Não havia sinais de luta, nenhum instrumento que pudesse ter causado aquelas perfurações tão precisas. E, o mais estranho de tudo, a quase completa ausência de sangue no corpo.

Ela estava revisando os resultados dos exames quando ouviu um barulho vindo do corredor. Era tarde da noite, e a prisão estava em silêncio. Rita levantou os olhos, olhando para a porta entreaberta. O corredor estava escuro, mas ela podia jurar que havia visto uma sombra se movendo lá fora.

"Alguém está aí?", ela chamou, sua voz ecoando no silêncio.

Nenhuma resposta.

Ela respirou fundo, tentando se convencer de que era apenas sua imaginação. Trabalhar naquela prisão estava começando a afetar seus nervos. Ela decidiu ignorar o barulho e voltar ao trabalho. Havia algo naquela morte que não fazia sentido, e ela estava determinada a descobrir o que era.

Rita pegou uma lupa e examinou novamente as fotografias que havia tirado das perfurações no pescoço do morto. As marcas eram pequenas, quase imperceptíveis, mas havia algo nelas que a perturbava. Elas pareciam... organizadas, como se tivessem sido feitas com um propósito específico. Ela começou a pesquisar em seus livros de medicina forense, tentando encontrar algum caso semelhante, mas nada correspondia.

Foi então que ela decidiu revisar o corpo mais uma vez. Talvez ela tivesse perdido algum detalhe. Ela se levantou, pegou uma lanterna e saiu do escritório, dirigindo-se à sala de armazenamento onde o corpo estava guardado. O corredor estava silencioso, apenas o som de seus passos ecoando nas paredes de concreto.

Quando ela chegou à sala, abriu a porta e acendeu a luz. A mesa onde o corpo deveria estar estava... vazia.

Rita parou, olhando para a mesa com incredulidade. Ela tinha certeza de que havia deixado o corpo ali naquela manhã. Ela se aproximou da mesa, como se esperasse que o corpo aparecesse magicamente. Mas não havia nada lá, apenas uma leve mancha escura onde o corpo havia estado.

"O que está acontecendo aqui?", ela murmurou para si mesma, olhando ao redor da sala.

Ela começou a procurar, abrindo armários e gavetas, mas o corpo havia desaparecido. Não havia sinais de que alguém tivesse entrado na sala, nenhuma janela quebrada, nenhuma porta forçada. O corpo simplesmente não estava mais lá.

Rita sentiu um frio percorrer sua espinha. Ela sabia que algo estava muito errado. Ela saiu da sala e começou a percorrer os corredores, procurando por qualquer sinal do corpo ou de alguém que pudesse tê-lo levado. Mas a prisão estava deserta, apenas o som de seus passos ecoando nas paredes.

Ela decidiu ir até a cela onde o homem havia morrido. Talvez houvesse alguma pista lá. Quando ela chegou à cela, encontrou Lucas acordado, sentado em sua cama, olhando para as sombras.

"Lucas", ela chamou, sua voz baixa, mas firme. "Você viu alguém entrar ou sair da cela ao lado?"

Lucas olhou para ela, seus olhos cheios de medo. "Eu... eu não vi nada. Mas eu ouvi barulhos. Como se algo estivesse se arrastando."

Rita sentiu um aperto no peito. Ela sabia que Lucas estava dizendo a verdade. Algo estranho estava acontecendo naquela prisão, e ela precisava descobrir o que era.

"Você sabe algo sobre as sombras?", ela perguntou, observando sua reação.

Lucas hesitou, olhando para as paredes como se esperasse que algo aparecesse. "Elas estão aqui. Elas estão me observando."

Rita não sabia o que pensar. As sombras pareciam ser uma lenda entre os presos, mas havia algo mais por trás daquelas histórias. Ela decidiu investigar mais a fundo, começando pelo local da morte.

Naquela noite, ela voltou à cela onde o homem havia morrido. A cela estava vazia, mas o ar ainda parecia pesado, como se algo estivesse pairando ali. Rita ligou sua lanterna e começou a examinar o chão, as paredes, o teto. Ela não sabia o que estava procurando, mas sabia que havia algo ali, algo que ela estava perdendo.

Foi então que ela notou. No canto mais escuro da cela, havia uma mancha na parede, quase imperceptível. Era uma marca escura, como se algo tivesse sido derramado e depois limpo. Rita aproximou-se, examinando a mancha mais de perto. Ela tocou a parede e sentiu uma textura estranha, quase como se a superfície estivesse levemente corroída.

Ela pegou uma amostra da substância, colocando-a em um pequeno frasco. Talvez uma análise química pudesse revelar o que era aquilo. Enquanto ela trabalhava, sentiu uma sensação estranha, como se estivesse sendo observada. Ela olhou para trás, mas a cela estava vazia.

"É só sua imaginação", ela murmurou para si mesma, tentando ignorar o frio que percorria sua espinha.

Mas, à medida que ela continuava a investigar, a sensação só aumentava. Era como se algo estivesse ali, invisível, observando cada movimento seu. Rita tentou se concentrar no trabalho, mas não conseguia ignorar a impressão de que não estava sozinha.

No dia seguinte, ela levou a amostra para o laboratório da prisão. O técnico, um homem jovem chamado Carlos, olhou para o frasco com curiosidade.

"O que é isso?", ele perguntou, virando o frasco na mão.

"Eu não sei", Rita respondeu. "Encontrei na cela onde o último preso morreu. Pode ser algo importante."

Carlos concordou em analisar a amostra, mas disse que levaria algum tempo. Enquanto isso, Rita decidiu continuar sua investigação. Ela queria saber mais sobre as sombras e o que elas significavam.

Ela começou a conversar com os presos mais antigos, aqueles que estavam na prisão há anos. A maioria se recusava a falar, mas um homem, conhecido como Velho João, concordou em conversar com ela.

"As sombras estão aqui desde que eu cheguei", ele disse, sua voz rouca e cheia de mistério. "Elas são antigas, mais antigas do que esta prisão. Elas se alimentam de medo, de dor... de sangue."

Rita ficou intrigada. "O que você quer dizer com 'se alimentam de sangue'?"

Velho João olhou para ela com olhos sombrios. "Elas precisam dele para sobreviver. Elas escolhem suas vítimas, drenam sua energia, seu sangue... e depois desaparecem."

Rita sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Aquilo parecia absurdo, mas as mortes recentes pareciam confirmar a história. Ela precisava descobrir mais.

Enquanto isso, no laboratório, Carlos estava analisando a amostra que Rita havia coletado. Ele não conseguia acreditar no que estava vendo. A substância era uma mistura complexa de compostos orgânicos, mas havia algo nela que não fazia sentido. Era como se a substância estivesse... viva.

Ele decidiu fazer mais testes, mas, à medida que trabalhava, começou a sentir uma sensação estranha. Era como se algo estivesse observando ele, esperando. Ele tentou ignorar a sensação, mas ela só aumentava.

Finalmente, ele terminou a análise e ligou para Rita. "Você precisa vir aqui", ele disse, sua voz tensa. "Eu encontrei algo... estranho."

Rita correu para o laboratório, onde Carlos mostrou os resultados. "Esta substância... ela não é normal. Parece ter propriedades biológicas, mas não consigo identificar exatamente o que é. E há algo mais... ela parece reagir à luz."

Rita olhou para a amostra, intrigada. "O que você quer dizer com 'reagir à luz'?"

Carlos apontou para o microscópio. "Veja por si mesma."

Rita olhou através da lente e ficou chocada. A substância parecia se mover, como se estivesse viva. Ela recuou, olhando para Carlos. "O que diabos é isso?"

Carlos balançou a cabeça. "Eu não sei. Mas eu acho que você está lidando com algo muito maior do que imaginava."

Rita sabia que ele estava certo. Ela precisava descobrir o que era aquela substância e como ela estava relacionada às mortes na prisão. Mas, à medida que ela se aprofundava na investigação, começou a perceber que estava mexendo com algo perigoso.

Naquela noite, enquanto ela revisava os resultados no laboratório, ouviu um barulho vindo do corredor. Era baixo, quase imperceptível, mas ela sabia que não era sua imaginação. Ela se levantou, pegando uma lanterna, e saiu para investigar.

O corredor estava escuro, mas ela podia ver uma figura ao longe, parada no meio do caminho. Era alta, magra, com contornos indistintos, como se fosse feita de escuridão pura. Rita sentiu um frio percorrer seu corpo. Ela sabia que aquilo não era humano.

A figura começou a se mover em sua direção, lentamente, sem fazer barulho. Rita recuou, tentando manter a calma, mas o medo a dominava. Ela sabia que precisava fugir, mas suas pernas pareciam presas no chão.

A Doutora Rita estava prestes a ser alcançada pela figura sombria quando, de repente, as luzes do corredor piscaram e se acenderam com um estalo alto. A figura parou, como se a luz a incomodasse, e então começou a se dissolver, desmanchando-se em uma névoa escura que desapareceu no ar. Rita ficou parada, ofegante, segurando a lanterna com mãos trêmulas. O corredor agora estava iluminado, mas a sensação de que algo estava errado persistia.

Ela olhou para trás, esperando ver alguém — um guarda, um preso, qualquer pessoa que pudesse explicar o que acabara de acontecer. Mas o corredor estava vazio. A única coisa que ela podia ouvir era o som distante de seus próprios batimentos cardíacos, acelerados pelo medo.

Rita sabia que não podia ignorar o que havia visto. Aquela figura, aquela coisa, não era produto de sua imaginação. Ela era real, e estava ligada às mortes estranhas que vinham ocorrendo na prisão. Mas como? E por quê?

Determinada a encontrar respostas, Rita voltou ao laboratório. Ela precisava revisar os resultados da análise da amostra que havia coletado da cela. Talvez aquela substância estranha, que parecia estar viva, fosse a chave para entender o que estava acontecendo.

Quando ela entrou no laboratório, Carlos estava lá, olhando para o microscópio com uma expressão de preocupação.

"Carlos", ela chamou, sua voz ainda um pouco trêmula. "O que você descobriu?"

Ele levantou os olhos, claramente perturbado. "Doutora, você precisa ver isso."

Rita se aproximou e olhou através do microscópio. A substância que ela havia coletado estava se movendo de maneira ainda mais intensa do que antes. Parecia pulsar, como se estivesse viva, e havia pequenos filamentos que se estendiam e se retraíam, como tentáculos.

"O que diabos é isso?", ela perguntou, recuando do microscópio.

Carlos balançou a cabeça. "Eu não sei. Mas eu fiz alguns testes adicionais, e... bem, você não vai acreditar."

Ele pegou um relatório e mostrou para Rita. "Essa substância... ela parece ter propriedades biológicas, mas não é como nada que eu já vi. Ela reage à luz, ao calor, e... ao medo."

Rita franziu a testa. "Ao medo? Como assim?"

Carlos hesitou, como se não soubesse como explicar. "Eu coloquei a amostra em diferentes ambientes, e percebi que ela se movia mais rapidamente quando eu estava nervoso ou assustado. É como se ela se alimentasse de... emoções negativas."

Rita sentiu um frio percorrer sua espinha. Aquilo explicava muita coisa. As sombras, as mortes, a sensação constante de estar sendo observada — tudo estava conectado. Aquela substância, seja lá o que fosse, estava de alguma forma ligada às sombras que assombravam a prisão.

"Precisamos descobrir de onde isso veio", ela disse, sua mente girando com possibilidades. "E como ela está relacionada às mortes."

Carlos assentiu, mas sua expressão era de preocupação. "Doutora, eu acho que você deveria ter cuidado. Se essa coisa se alimenta de medo, então... bem, você está se metendo em algo perigoso."

Rita sabia que ele estava certo, mas ela não podia simplesmente ignorar o que estava acontecendo. Havia algo maligno naquela prisão, e ela precisava descobrir o que era antes que mais pessoas morressem.

Naquela noite, Rita decidiu fazer algo arriscado. Ela voltou à cela onde o homem havia morrido, desta vez levando consigo uma câmera e um gravador. Ela queria documentar qualquer coisa estranha que pudesse acontecer. Se ela pudesse capturar evidências concretas, talvez pudesse convencer as autoridades a investigar mais a fundo.

A cela estava vazia, como antes, mas o ar ainda parecia pesado, carregado de uma energia sinistra. Rita ligou a câmera e começou a gravar, narrando em voz baixa o que estava fazendo.

"Estou na cela onde o último preso morreu. Há uma sensação estranha aqui, como se algo estivesse observando. Vou examinar o local novamente, em busca de qualquer pista que possa ter sido perdida."

Ela se ajoelhou no chão, iluminando a área com uma lanterna. Foi então que ela notou algo que não havia visto antes. No canto mais escuro da cela, havia uma pequena abertura na parede, quase imperceptível. Era como se alguém tivesse removido um pedaço do concreto, criando uma passagem estreita.

Rita sentiu um frio percorrer seu corpo. Ela sabia que não deveria se aproximar, mas a curiosidade era mais forte. Ela se arrastou até a abertura e olhou para dentro. Era escuro, mas ela podia ver que a passagem levava a um túnel estreito, que parecia se estender por baixo da prisão.

"O que diabos...?", ela murmurou, apontando a câmera para a abertura.

Foi então que ela ouviu. Um sussurro baixo, vindo do túnel. Era quase imperceptível, mas ela conseguiu distinguir as palavras.

"Você não deveria estar aqui."

Rita recuou, seu coração batendo forte. Ela olhou para trás, esperando ver alguém, mas a cela estava vazia. O sussurro veio novamente, mais alto desta vez.

"Você não pode escapar."

Ela se levantou rapidamente, segurando a câmera com mãos trêmulas. Ela sabia que precisava sair dali, mas suas pernas pareciam presas no chão. Foi então que ela viu. Das sombras no canto da cela, algo começou a se mover. Era como se as próprias sombras estivessem ganhando vida, se esticando em sua direção.

Rita gritou, recuando até bater na parede. Ela apontou a câmera para as sombras, capturando imagens daquela coisa horrível se aproximando. Ela sabia que precisava fugir, mas não conseguia se mover.

E então, no momento em que as sombras estavam prestes a alcançá-la, as luzes da cela piscaram e se apagaram. Rita ficou imersa na escuridão, ouvindo apenas o som de sua própria respiração ofegante.

Quando as luzes voltaram, as sombras haviam desaparecido. Rita estava sozinha na cela, tremendo e suando. Ela olhou para a câmera, esperando que ela tivesse capturado algo, mas a tela estava em branco. A bateria havia se esgotado, como se algo tivesse drenado toda a energia.

Ela saiu da cela correndo, seu coração batendo forte. Ela sabia que não podia continuar sozinha. Precisava de ajuda, mas não sabia a quem recorrer. Os guardas não acreditariam nela, e os presos pareciam ter medo até de falar sobre o assunto.

No dia seguinte, Rita decidiu confrontar o diretor da prisão. Ela entrou em seu escritório sem bater, segurando a câmera e os relatórios que havia coletado.

"Precisamos falar", ela disse, sua voz firme, mas carregada de urgência.

O diretor olhou para ela, surpreso. "Doutora Rita, o que está acontecendo?"

Ela colocou a câmera e os relatórios em sua mesa. "Há algo errado nesta prisão. Algo que está matando os presos, e eu acho que está ligado a essas sombras que todos estão falando."

O diretor olhou para os relatórios, sua expressão séria. "Doutora, eu entendo sua preocupação, mas você tem que entender que os presos inventam histórias o tempo todo. Isso provavelmente não passa de histeria coletiva."

Rita balançou a cabeça, frustrada. "Não é histeria. Eu vi coisas. Coisas que não consigo explicar. E essa substância que encontrei... ela não é normal. Alguém precisa investigar isso."

O diretor suspirou, fechando os relatórios. "Eu vou dar uma olhada, mas você precisa entender que não podemos simplesmente fechar a prisão por causa de... sombras."

Rita sabia que ele não acreditava nela, mas ela não podia desistir. Havia algo maligno naquela prisão, e ela precisava descobrir o que era antes que fosse tarde demais.

Naquela noite, enquanto ela estava em seu escritório revisando os relatórios, ouviu um barulho vindo do corredor. Era o mesmo som que ela ouvira antes, como algo se arrastando. Ela se levantou, pegando uma lanterna, e saiu para investigar.

O corredor estava escuro, mas ela podia ver uma figura ao longe, parada no meio do caminho. Era alta, magra, com contornos indistintos, como se fosse feita de escuridão pura. Rita sentiu um frio percorrer seu corpo. Ela sabia que aquilo não era humano.

A figura começou a se mover em sua direção, lentamente, sem fazer barulho. Rita recuou, tentando manter a calma, mas o medo a dominava. Ela sabia que precisava fugir, mas suas pernas pareciam presas no chão.

 

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