Prisão 666: Capítulo: 06

 


 Lucas estava dormindo em sua cela quando um som o acordou. Era um rangido metálico, familiar e ao mesmo tempo perturbador. Ele reconheceu imediatamente: era o som de uma porta da prisão sendo aberta. Ele se sentou na cama, seu coração batendo rápido, e olhou para o corredor através das grades de sua cela. A escuridão lá fora era quase absoluta, apenas interrompida pela fraca luz de uma lâmpada piscando no final do corredor.

Ele sabia o que aquele som significava. Algo estava acontecendo. Algo sinistro. As sombras estavam em movimento.

Lucas tentou se levantar, mas uma força estranha o puxou de volta para a cama. Era como se uma mão invisível estivesse pressionando seu peito, forçando-o a ficar deitado. Ele lutou contra a sensação, mas quanto mais ele tentava se mover, mais pesado seu corpo ficava. Era como se a própria escuridão estivesse tentando mantê-lo imóvel.

"Deixe-me ir", ele sussurrou, sua voz rouca e cheia de medo.

Mas não houve resposta. Apenas o silêncio opressivo da prisão à noite. Lucas sentiu seus olhos ficarem pesados, como se algo estivesse forçando-o a dormir. Ele tentou resistir, mas a força era muito grande. Antes que pudesse fazer algo, ele caiu em um sono profundo e inquieto.

No dia seguinte, Lucas acordou de repente, sentando-se na cama com um sobressalto. Seu corpo estava coberto de suor frio, e seu coração batia acelerado. Ele olhou ao redor, esperando ver algo, mas a cela estava vazia. A luz do dia entrava pela pequena janela com barras, iluminando o espaço com uma luz pálida e sombria.

Ele se levantou rapidamente, ainda sentindo o eco daquela força estranha que o havia mantido imóvel durante a noite. Ele sabia que algo havia acontecido. Algo terrível. Ele precisava descobrir se alguém havia morrido.

Lucas saiu de sua cela, olhando para os lados. O corredor estava movimentado, com presos indo e vindo, mas ele não conseguia ver nenhum sinal de que algo estranho tivesse ocorrido. Ele se aproximou de um grupo de presos que conversavam em voz baixa.

"Oi", ele chamou, tentando parecer casual. "Algo aconteceu ontem à noite?"

Os presos olharam para ele, confusos. "Não que eu saiba", um deles respondeu, encolhendo os ombros. "Por quê? Você viu algo?"

Lucas hesitou. Ele não queria parecer louco, mas precisava saber. "Eu... ouvi barulhos. Como se algo estivesse se movendo."

Os presos trocaram olhares preocupados, mas ninguém disse nada. Lucas percebeu que eles estavam com medo, mas não queriam falar sobre isso. Ele decidiu não pressionar e se afastou, ainda mais intrigado.

Ele continuou a procurar por sinais de que algo havia acontecido, mas não encontrou nada. Nenhum guarda parecia agitado, nenhum preso estava desaparecido. Foi então que ele encontrou Luís, o homem que sempre estava rezando. Ele estava sentado em um banco no pátio, com o rosário nas mãos, murmurando orações em voz baixa.

Lucas se aproximou dele, sentando-se ao seu lado. "Luís, você sabe se algo aconteceu ontem à noite?"

Luís abriu os olhos lentamente, olhando para Lucas com uma expressão séria. "Por que você pergunta?"

"Eu ouvi barulhos. Como se algo estivesse se movendo. Mas quando eu tentei me levantar, eu... eu não consegui. Era como se algo estivesse me forçando a dormir."

Luís balançou a cabeça, como se já soubesse o que Lucas estava falando. "Elas estavam em movimento. Mas desta vez, elas não escolheram ninguém."

Lucas sentiu um frio percorrer sua espinha. "O que você quer dizer com 'elas não escolheram ninguém'?"

Luís olhou para ele, seus olhos cheios de uma mistura de pena e medo. "As sombras, Lucas. Elas estão se preparando para algo maior. Ontem à noite, elas estavam testando você. Elas querem saber se você é forte o suficiente para resistir."

Lucas engoliu seco. "E se eu não for?"

Luís não respondeu imediatamente. Ele olhou para o rosário em suas mãos, como se buscasse conforto nas contas. "Se você não for, elas vão te consumir. E quando elas terminarem com você, vão partir para os outros."

Lucas sentiu um aperto no peito. Ele sabia que Luís estava certo. As sombras estavam se tornando mais ousadas, mais fortes. E ele era o alvo delas.

"O que eu faço?", ele perguntou, sua voz quase um sussurro.

Luís olhou para ele por um momento, como se pesasse suas palavras. "Você precisa encontrar a fonte delas. Elas não são apenas sombras, Lucas. Elas são... algo mais. Algo que está preso aqui, assim como nós."

Lucas ficou intrigado. "O que você quer dizer com 'algo preso aqui'?"

Luís suspirou, como se relutasse em continuar. "Há uma história, uma lenda antiga sobre esta prisão. Dizem que, antes de ser uma prisão, este lugar era um hospital. Um hospital para doentes mentais. E que algo aconteceu aqui, algo terrível. Algo que nunca foi embora."

Lucas sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Ele nunca tinha ouvido falar dessa história, mas algo nela parecia verdadeiro. "O que aconteceu?"

Luís balançou a cabeça. "Eu não sei todos os detalhes. Mas dizem que os pacientes começaram a desaparecer, um por um. Ninguém sabia para onde iam, mas sempre havia... marcas. Marcas como as que você viu no pescoço daquele homem que morreu."

Lucas engoliu seco. Ele se lembrou das perfurações no pescoço do morto, da ausência de sangue. Tudo começava a fazer sentido.

"E as sombras?", ele perguntou, sua voz tremendo.

Luís olhou para ele, seus olhos cheios de uma mistura de medo e determinação. "Elas são o que sobrou daquela época. Elas são... os pacientes. Ou o que restou deles."

Lucas sentiu um aperto no peito. Ele não queria acreditar no que Luís estava dizendo, mas algo dentro dele sabia que era verdade. As sombras não eram apenas sombras. Elas eram algo muito pior.

"O que eu faço?", ele perguntou, sua voz quase um sussurro.

Luís colocou uma mão em seu ombro, surpreendentemente gentil. "Você precisa encontrar a fonte delas. O lugar onde elas estão presas. Se você puder destruí-la, talvez possa se livrar delas."

Lucas assentiu, sentindo um peso enorme em seus ombros. Ele sabia que Luís estava certo, mas não sabia por onde começar. Como ele poderia encontrar a fonte das sombras em uma prisão tão grande?

Naquela noite, enquanto ele estava deitado em sua cela, Lucas começou a planejar. Ele sabia que precisava ser cuidadoso, que não podia deixar que ninguém soubesse o que ele estava fazendo. Ele passou horas observando os guardas, aprendendo seus horários, suas rotinas. Ele sabia que precisava de uma distração, algo grande o suficiente para desviar a atenção de todos.

Finalmente, ele decidiu que era hora de agir. Ele esperou até a noite, quando a prisão estava mais silenciosa, e então começou a colocar seu plano em prática. Ele sabia que não havia garantias de que funcionaria, mas ele não tinha outra escolha.

Enquanto ele se movia silenciosamente pelo corredor escuro, ele sentiu as sombras se aproximando, como se soubessem o que ele estava prestes a fazer. Ele ignorou o medo que crescia em seu peito e continuou, determinado.

Ele estava prestes a descobrir se seu plano daria certo. Mas, no fundo, ele sabia que, independentemente do resultado, sua vida nunca mais seria a mesma.

Lucas estava prestes a dar o próximo passo em seu plano quando uma voz ecoou no corredor escuro. Era baixa, quase um sussurro, mas ele a reconheceu imediatamente. Era a mesma voz que ele ouvira nas sombras, a mesma que o assombrava todas as noites.

"Você não pode escapar, Lucas", a voz sussurrou, vinda de todas as direções ao mesmo tempo. "Nós somos parte de você agora."

Ele parou, olhando ao redor, tentando localizar a fonte da voz. O corredor estava vazio, mas ele sabia que não estava sozinho. As sombras estavam lá, observando, esperando.

"Eu não vou deixar vocês me pegarem", ele respondeu, sua voz firme, mas carregada de medo.

A voz riu, um som frio e sem vida que ecoou nas paredes de concreto. "Você é corajoso, Lucas. Mas a coragem não vai te salvar."

Lucas sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele sabia que não podia continuar ali, parado. Ele precisava seguir em frente, encontrar a fonte das sombras e destruí-la. Era a única maneira de se livrar delas.

Ele continuou a se mover pelo corredor, mantendo-se nas sombras para evitar ser visto pelos guardas. Ele sabia que, se fosse pego, seria punido severamente. Mas ele também sabia que não podia esperar mais. As sombras estavam ficando mais fortes, e ele precisava agir antes que fosse tarde demais.

Finalmente, ele chegou ao local que havia escolhido para começar sua busca: uma porta velha e enferrujada no fundo do corredor. Ele nunca tinha visto ninguém entrar ou sair por aquela porta, mas sempre sentira uma energia estranha vindo de lá. Era como se algo estivesse chamando ele, puxando ele para dentro.

Ele olhou para os lados, garantindo que ninguém estava por perto, e então abriu a porta. Ela rangiu alto, mas não havia ninguém para ouvir. Ele entrou, fechando a porta atrás de si, e olhou ao redor.

O que ele viu o deixou sem fôlego. Ele estava em um corredor estreito e escuro, com paredes de pedra que pareciam antigas, muito mais antigas do que o resto da prisão. O ar estava frio e úmido, e havia um cheiro estranho, como de algo podre.

Ele começou a caminhar pelo corredor, sua lanterna iluminando o caminho à frente. As paredes estavam cobertas de grafites antigos, símbolos estranhos que ele não conseguia entender. Eles pareciam pulsar à luz da lanterna, como se estivessem vivos.

Ele continuou a caminhar, sentindo que estava se aproximando de algo importante. Finalmente, ele chegou a uma porta no final do corredor. Era uma porta grande e pesada, feita de madeira escura e reforçada com barras de ferro. Havia uma placa na porta, mas estava tão desgastada que ele não conseguia ler o que estava escrito.

Ele colocou a mão na maçaneta, sentindo um frio intenso que parecia queimar sua pele. Ele hesitou por um momento, mas sabia que não podia voltar atrás. Ele abriu a porta e entrou.

O que ele viu o deixou sem palavras. Ele estava em uma sala grande e circular, com paredes de pedra e um teto alto. No centro da sala havia um altar, feito de pedra negra e coberto de símbolos estranhos. E em cima do altar havia algo que ele não conseguia identificar. Era uma massa escura e pulsante, como se estivesse viva.

Lucas se aproximou do altar, sentindo uma energia estranha emanando da massa. Ele sabia que aquilo era a fonte das sombras. Era o que estava mantendo elas presas na prisão.

Ele olhou ao redor, procurando por algo que pudesse usar para destruir a massa. Ele viu uma faca velha e enferrujada em um canto da sala e a pegou. Ele sabia que não era a arma ideal, mas era o que ele tinha.

Ele se aproximou do altar, segurando a faca com firmeza. Ele sabia que precisava agir rápido, antes que as sombras percebessem o que ele estava fazendo.

Ele levantou a faca, pronto para golpear a massa, quando uma voz ecoou na sala.

"Você não pode destruir o que você não entende, Lucas."

Ele se virou rapidamente, vendo uma figura alta e magra parada na entrada da sala. Era a mesma figura que ele vira antes, feita de escuridão pura. Ela começou a se mover em sua direção, lentamente, sem fazer barulho.

Lucas sentiu um frio percorrer seu corpo. Ele sabia que não podia lutar contra aquela coisa, mas também sabia que não podia fugir. Ele precisava destruir a massa, não importava o custo.

Ele se virou de volta para o altar, levantando a faca novamente. Ele golpeou a massa com toda a força que tinha, sentindo uma onda de energia quente explodir da massa. Ele foi jogado para trás, batendo na parede com força.

Ele olhou para a massa, esperando vê-la destruída, mas ela ainda estava lá, pulsando mais forte do que antes. Ele sentiu uma onda de desespero, sabendo que havia falhado.

A figura sombria riu, um som frio e sem vida que ecoou na sala. "Você é corajoso, Lucas. Mas a coragem não vai te salvar."

Lucas sentiu as sombras se aproximando, como se estivessem prestes a consumi-lo. Ele sabia que não podia lutar contra elas, mas também sabia que não podia desistir. Ele precisava encontrar uma maneira de destruir a massa, não importava o custo.

Ele olhou ao redor, procurando por algo que pudesse usar. Ele viu uma tocha na parede e a pegou, acendendo-a com um isqueiro que carregava no bolso. Ele sabia que o fogo poderia ser a chave para destruir a massa.

Ele se aproximou do altar novamente, segurando a tocha com firmeza. Ele sabia que precisava agir rápido, antes que as sombras o alcançassem.

Ele jogou a tocha na massa, sentindo uma onda de calor explodir da massa. Ele foi jogado para trás novamente, batendo na parede com força. Ele olhou para a massa, esperando vê-la destruída, mas ela ainda estava lá, pulsando mais forte do que antes.

Ele sentiu uma onda de desespero, sabendo que havia falhado novamente. As sombras estavam se aproximando, e ele sabia que não podia lutar contra elas. Ele fechou os olhos, esperando o pior.

 

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