Prisão 666: Capítulo: 08

 


 Lucas estava no pátio da prisão, tentando se concentrar em seus exercícios. Ele fazia flexões no chão de concreto, suando sob o sol escaldante, mas sua mente estava longe dali. Desde aquela noite em que sentira a presença sinistra no corredor, ele não conseguia se livrar da sensação de que estava sendo observado. Cada som, cada movimento nas sombras, fazia seu coração acelerar. Ele sabia que as sombras estavam lá, esperando, e que elas não tinham terminado com ele.

Enquanto ele se levantava, limpando o suor do rosto, viu Luís sentado em um banco próximo, com o rosário nas mãos. O homem estava rezando em voz baixa, seus lábios se movendo rapidamente, mas seus olhos estavam abertos, fixos em algo distante. Ele parecia mais agitado do que o normal, e Lucas sentiu que precisava falar com ele.

"Luís", Lucas chamou, aproximando-se com cautela. "Você está bem?"

Luís levantou os olhos lentamente, como se estivesse voltando de um lugar distante. Ele olhou para Lucas com uma expressão cansada, mas seus olhos eram penetrantes, como se pudessem ver além da superfície.

"Você sente também, não sente?", Luís perguntou, sua voz baixa e rouca.

Lucas hesitou. Ele não queria admitir, mas sabia que Luís estava certo. "Sim. Eu sinto. Algo está errado aqui."

Luís balançou a cabeça, como se já soubesse o que Lucas ia dizer. "Elas estão ficando mais fortes. E elas escolheram você."

Lucas sentiu um aperto no peito. Ele não queria acreditar no que Luís estava dizendo, mas algo dentro dele sabia que era verdade. As sombras estavam lá, e elas estavam de olho nele.

"O que eu faço?", Lucas perguntou, sua voz quase um sussurro.

Luís olhou para ele por um momento, seus olhos cheios de uma mistura de pena e determinação. "Você precisa lutar. Mas cuidado. Nem todos aqui são o que parecem. Alguns já foram corrompidos. Eles trabalham para as sombras."

Lucas engoliu seco. Ele não sabia o que dizer. A ideia de que alguns dos presos poderiam estar trabalhando para as sombras era aterrorizante. Ele olhou ao redor do pátio, observando os outros presos com novos olhos. Quem poderia ser confiável? Quem poderia estar do lado delas?

"Eu... eu não sei se consigo lutar", Lucas admitiu, sua voz tremendo.

Luís colocou uma mão em seu ombro, surpreendentemente gentil. "Você é mais forte do que pensa. Mas você precisa estar preparado. Elas vão tentar te usar, te corromper. Você precisa resistir."

Lucas assentiu, sentindo um peso enorme em seus ombros. Ele sabia que Luís estava certo, mas não sabia por onde começar. Como ele poderia lutar contra algo que não podia ver?

Foi então que eles ouviram os boatos. Um grupo de presos estava reunido em um canto do pátio, conversando em voz baixa. Lucas e Luís se aproximaram, tentando ouvir o que estavam dizendo.

"Você ouviu?", um dos presos sussurrou. "O cara que morreu... ele está vivo. Eles o levaram para a enfermaria."

Lucas sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele olhou para Luís, que parecia igualmente perturbado.

"O que isso significa?", Lucas perguntou, sua voz baixa.

Luís balançou a cabeça, como se não soubesse como explicar. "Eu não sei. Mas isso não é normal. Ninguém volta da morte."

Lucas sentiu um aperto no peito. Ele sabia que precisava descobrir o que estava acontecendo. Se o homem que havia morrido estava vivo, isso significava que as sombras estavam ficando mais ousadas, mais fortes.

"Precisamos descobrir o que está acontecendo na enfermaria", Lucas disse, sua voz firme.

Luís olhou para ele, seus olhos cheios de preocupação. "É perigoso. Se as sombras estão envolvidas, você pode não voltar."

Lucas sabia que ele estava certo, mas também sabia que não podia simplesmente ignorar o que estava acontecendo. Ele precisava descobrir a verdade, não importava o custo.

Naquela noite, enquanto ele estava deitado em sua cela, Lucas começou a planejar. Ele sabia que precisava ser cuidadoso, que não podia deixar que ninguém soubesse o que ele estava fazendo. Ele passou horas observando os guardas, aprendendo seus horários, suas rotinas. Ele sabia que precisava de uma distração, algo grande o suficiente para desviar a atenção de todos.

Finalmente, ele decidiu que era hora de agir. Ele esperou até a noite, quando a prisão estava mais silenciosa, e então começou a colocar seu plano em prática. Ele sabia que não havia garantias de que funcionaria, mas ele não tinha outra escolha.

Enquanto ele se movia silenciosamente pelo corredor escuro, ele sentiu as sombras se aproximando, como se soubessem o que ele estava prestes a fazer. Ele ignorou o medo que crescia em seu peito e continuou, determinado.

Ele estava prestes a descobrir se seu plano daria certo. Mas, no fundo, ele sabia que, independentemente do resultado, sua vida nunca mais seria a mesma.

Lucas estava prestes a dar o próximo passo em seu plano quando uma voz ecoou no corredor escuro. Era baixa, quase um sussurro, mas ele a reconheceu imediatamente. Era a mesma voz que ele ouvira nas sombras, a mesma que o assombrava todas as noites.

"Você não pode escapar, Lucas", a voz sussurrou, vinda de todas as direções ao mesmo tempo. "Nós somos parte de você agora."

Ele parou, olhando ao redor, tentando localizar a fonte da voz. O corredor estava vazio, mas ele sabia que não estava sozinho. As sombras estavam lá, observando, esperando.

"Eu não vou deixar vocês me pegarem", ele respondeu, sua voz firme, mas carregada de medo.

A voz riu, um som frio e sem vida que ecoou nas paredes de concreto. "Você é corajoso, Lucas. Mas a coragem não vai te salvar."

Lucas sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele sabia que não podia continuar ali, parado. Ele precisava seguir em frente, encontrar a fonte das sombras e destruí-la. Era a única maneira de se livrar delas.

Ele continuou a se mover pelo corredor, mantendo-se nas sombras para evitar ser visto pelos guardas. Ele sabia que, se fosse pego, seria punido severamente. Mas ele também sabia que não podia esperar mais. As sombras estavam ficando mais fortes, e ele precisava agir antes que fosse tarde demais.

Finalmente, ele chegou ao local que havia escolhido para começar sua busca: uma porta velha e enferrujada no fundo do corredor. Ele nunca tinha visto ninguém entrar ou sair por aquela porta, mas sempre sentira uma energia estranha vindo de lá. Era como se algo estivesse chamando ele, puxando ele para dentro.

Ele olhou para os lados, garantindo que ninguém estava por perto, e então abriu a porta. Ela rangiu alto, mas não havia ninguém para ouvir. Ele entrou, fechando a porta atrás de si, e olhou ao redor.

O que ele viu o deixou sem fôlego. Ele estava em um corredor estreito e escuro, com paredes de pedra que pareciam antigas, muito mais antigas do que o resto da prisão. O ar estava frio e úmido, e havia um cheiro estranho, como de algo podre.

Ele começou a caminhar pelo corredor, sua lanterna iluminando o caminho à frente. As paredes estavam cobertas de grafites antigos, símbolos estranhos que ele não conseguia entender. Eles pareciam pulsar à luz da lanterna, como se estivessem vivos.

Ele continuou a caminhar, sentindo que estava se aproximando de algo importante. Finalmente, ele chegou a uma porta no final do corredor. Era uma porta grande e pesada, feita de madeira escura e reforçada com barras de ferro. Havia uma placa na porta, mas estava tão desgastada que ele não conseguia ler o que estava escrito.

Ele colocou a mão na maçaneta, sentindo um frio intenso que parecia queimar sua pele. Ele hesitou por um momento, mas sabia que não podia voltar atrás. Ele abriu a porta e entrou.

O que ele viu o deixou sem palavras. Ele estava em uma sala grande e circular, com paredes de pedra e um teto alto. No centro da sala havia um altar, feito de pedra negra e coberto de símbolos estranhos. E em cima do altar havia algo que ele não conseguia identificar. Era uma massa escura e pulsante, como se estivesse viva.

Lucas se aproximou do altar, sentindo uma energia estranha emanando da massa. Ele sabia que aquilo era a fonte das sombras. Era o que estava mantendo elas presas na prisão.

Ele olhou ao redor, procurando por algo que pudesse usar para destruir a massa. Ele viu uma faca velha e enferrujada em um canto da sala e a pegou. Ele sabia que não era a arma ideal, mas era o que ele tinha.

Ele se aproximou do altar, segurando a faca com firmeza. Ele sabia que precisava agir rápido, antes que as sombras percebessem o que ele estava fazendo.

Ele levantou a faca, pronto para golpear a massa, quando uma voz ecoou na sala.

"Você não pode destruir o que você não entende, Lucas."

Ele se virou rapidamente, vendo uma figura alta e magra parada na entrada da sala. Era a mesma figura que ele vira antes, feita de escuridão pura. Ela começou a se mover em sua direção, lentamente, sem fazer barulho.

Lucas sentiu um frio percorrer seu corpo. Ele sabia que não podia lutar contra aquela coisa, mas também sabia que não podia fugir. Ele precisava destruir a massa, não importava o custo.

Ele se virou de volta para o altar, levantando a faca novamente. Ele golpeou a massa com toda a força que tinha, sentindo uma onda de energia quente explodir da massa. Ele foi jogado para trás, batendo na parede com força.

Ele olhou para a massa, esperando vê-la destruída, mas ela ainda estava lá, pulsando mais forte do que antes. Ele sentiu uma onda de desespero, sabendo que havia falhado.

A figura sombria riu, um som frio e sem vida que ecoou na sala. "Você é corajoso, Lucas. Mas a coragem não vai te salvar."

Lucas sentiu as sombras se aproximando, como se estivessem prestes a consumi-lo. Ele sabia que não podia lutar contra elas, mas também sabia que não podia desistir. Ele precisava encontrar uma maneira de destruir a massa, não importava o custo.

Ele olhou ao redor, procurando por algo que pudesse usar. Ele viu uma tocha na parede e a pegou, acendendo-a com um isqueiro que carregava no bolso. Ele sabia que o fogo poderia ser a chave para destruir a massa.

Ele se aproximou do altar novamente, segurando a tocha com firmeza. Ele sabia que precisava agir rápido, antes que as sombras o alcançassem.

Ele jogou a tocha na massa, sentindo uma onda de calor explodir da massa. Ele foi jogado para trás novamente, batendo na parede com força. Ele olhou para a massa, esperando vê-la destruída, mas ela ainda estava lá, pulsando mais forte do que antes.

Ele sentiu uma onda de desespero, sabendo que havia falhado novamente. As sombras estavam se aproximando, e ele sabia que não podia lutar contra elas. Ele fechou os olhos, esperando o pior.

 

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