Lucas observava Luís de longe, sentado em um canto do pátio da prisão. O homem estava sempre sozinho, com um rosário nas mãos, murmurando orações em voz baixa. Seus lábios se moviam rapidamente, e seus olhos estavam fechados, como se estivesse em um estado de profunda concentração. Lucas não era um homem religioso, mas algo na devoção de Luís o intrigava. Havia uma intensidade em suas orações, como se ele estivesse lutando contra algo invisível.   Nos últimos dias, Lucas tinha notado que Luís parecia cada vez mais agitado. Ele passava horas rezando, e quando não estava rezando, ficava olhando para as sombras, como se esperasse que algo surgisse delas. Lucas sabia que não era o único a perceber isso. Outros presos cochichavam sobre Luís, chamando-o de "louco" ou "endemoniado". Mas Lucas sentia que havia mais naquela história.   Uma tarde, enquanto caminhava pelo pátio, Lucas decidiu se aproximar de Luís. Ele não sabia por quê, mas sentia que precisava falar com el...